domingo, 10 de maio de 2009

Frigoríficos podem afetar o preço do boi

Operando abaixo do patamar de R$ 80,00 desde dezembro último, as oscilações no preço da arroba bovina podem surpreender as cotações nos próximos dias. Na última semana o valor ficou na casa dos R$ 73,00, próximo dos outros meses do ano, mas conforme apurado junto aos presidentes das principais associações do setor (Abrafrigo e ANPBC), o clima entre pecuaristas e frigoríficos está tenso por conta de dívidas. De acordo com Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), a expectativa sobre o preço da arroba da carne bovina é de permanecer nessa média. ''As exportações estão sendo retomadas aos poucos. Em janeiro e fevereiro já registramos aumentou um pouco e em março aumentou bastante. Então, isso mostra que o Brasil está se recuperando'', aposta. De acordo com José Fontes, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Bovinos de Cortes (ANBPC), no Paraná a tendência também aponta para preços estáveis. Mas o embate entre os grandes frigoríficos e pecuaristas poderá influenciar os preços do setor. Fontes acredita que existam ''especuladores'' aproveitando que a crise minou o crédito. ''Isso abre caminho para pedir auxílio ao governo, tanto quanto os demais setores produtivos fizeram até agora. O governo não deve ceder'', argumenta. ''Faz 50 anos que eles têm a mania de anoitecer e não amanhecer. Com isso, acabam não pagando ninguém e o pecuarista arca com o prejuízo'', reclama Fontes. Ele acredita que muitos frigoríficos poderiam ter honrado as pendências com os produtores mas não fizeram, porque ''houve desvio ou investimentos em outras atividades, como compra de fazendas'' com o crédito levantado no exterior para o pagamento dos pecuaristas. ''Se esse dinheiro tivesse ido para o frigorífico estaria em caixa porque para o pecuarista não foi'', alfineta. De acordo com Salazar, o pedido de recuperação judicial de alguns frigoríficos deixou os produtores temerosos em vender a prazo. ''Agora querem vender à vista, o que causa uma descapitalização. Não temos capital de giro para comprar à vista e vender a prazo'', justifica. Quanto ao suposto golpe sofrido pelos pecuaristas, ele defende que sua entidade representa apenas ''os pequenos e médios frigoríficos'' e que ''não há casos de quem pegou dinheiro e aplicou em outro lugar''. ''Se isso aconteceu foi com os grandes, que não são nossos afiliados'', defende. (Agrolink)