segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Bertin prevê rastreamento da carne

Quase seis meses depois de ter sido acusada pelo Ministério Público Federal do Pará de contribuir para o desmatamento da Amazônia junto com outros frigoríficos de carne bovina, a Bertin S.A. está lançando um sistema que promete a rastreabilidade do produto e a garantia de que a carne provém de um processo sustentável.
A partir desta semana, a carne in natura comercializada com a marca Bertin, à venda no varejo, terá uma etiqueta com um código de rastreabilidade com informações sobre a origem do produto. O diretor marketing da companhia, Marcos Scaldelai, explica que o consumidor poderá ter informações sobre a origem e a garantia de que o produto não provém de animais criados em áreas de desmatamento e trabalho escravo.
Segundo ele, o consumidor deve digitar o número no site da Bertin para obter informações como a relação de fazendas que forneceram animais em determinado dia de abate e local das propriedades. Na própria página da Bertin, há um link para os sites do Ibama e do Ministério do Trabalho. No primeiro, o consumidor poderá checar se a propriedade de origem do boi está na lista das que desmatam ou não e no segundo, se há trabalho escravo
Num primeiro momento, apenas a carne in natura produzida na unidade da Bertin em Lins terá a etiqueta, mas a partir de janeiro o sistema deve estar implantado nas demais plantas da empresa, segundo Scaldelai
A Bertin foi incorporada pela JBS S.A em setembro deste ano, mas por enquanto as operações das empresas seguem separadas, já que o negócio está sob a análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). De acordo com o diretor de marketing, a tendência é que sistema de rastreabilidade seja implantado também pela JBS no futuro.
Ele afirma que o sistema para garantir a sustentabilidade da carne já vinha sendo desenvolvido pela Bertin antes da ação do Ministério Público, em junho. Na ocasião, a empresa foi acusada de comprar bovinos de fazendas que desmatavam áreas da floresta amazônica e interrompeu a aquisição de animais dessas propriedades

JBS-Friboi implanta venda direta de carne em Cáceres

Vinte e uma vans do grupo JBS-Friboi adaptadas como “mini-açougues” entram em operação em Cáceres a partir deste mês. Cada açougue ambulante terá como ocupantes duas mulheres: uma na direção, outra para cuidar da entrega em todos os bairros e distritos, atingindo ainda a sede do município de Curvelandia -– distante 60 quilometros.
O sistema de venda direta de carne aos consumidores já foi implantado pela Friboi em cidades grandes e médias do interior paulista e visa reduzir o preço do produto sem a intermiação dos açougueiros.
Há dois meses a JBS, que controla o único frigorifico da cidade, efetuou o cadastramento de parte dos consumidores, ofertando-lhes várias formas de pagamento, inclusive boleto bancario sem consulta ao SPC/Serasa, além de cartão de crédito exclusivo.
A inovação está gerando expectativas entre os consumidores habituados a comprarem carne em açougues. Por outro lado, os comerciantes que atuam na revenda de carne bovina a retalho estão preocupados com a novidade.
Para esses pequenos empresários -- cerca de 110 -- assim como para os donos de supermercados que possuem área reservada para venda de carnes, o frigorifico estaria levando ao pé da letra o ditado muito usual entre os pecuaristas: “Do boi, os donos de frigoríficos só não apoveitam o berro”.
Um grupo já se opõe abertamente aos métodos do JBS em Cáceresres, os chamados "gaioleiros", porque são o frigorifico praticamente impôs o monopólio na area de transporte do gado a ser abatido e não mais utiliza a frota de caminhões-boiadeiros.
Uma das principais questões levantadas pelos opositores de processo de venda direta está relacionada ao desemprego que o novo sistema provocaria imediatamente na cidade. Todos açougues espalhados pelos bairros e distritos serão forçados a reduzir o número de empregados.
Dentre os donos de açougues e supermercadistas há um sentimento de revolta após tomarem conhecimento de que o atual prefeito, Túlio Fontes (DEM), autorizou o serviço -- sem consultá-los -- após reunião com a direção do frigorifico em Cáceres.
Um açougueiro, que prefere não ter seu nome citado, ironiza dizendo que esse projeto não tem como sobreviver em Cáceres. De acordo com ele é alto o indice de inadimplentes na cidade. “Aqui tem cardeneta de 1992, que até hoje um sujeito conhecido não pagou. Imagine essa gente recebendo carne na porta da casa sem consulta aos orgãos de proteção ao crédito. Tem caloteiro que irá fazer churrasco de picanha todos os dias”, previu.
Outro comerciante que opõem a implantação da venda direta prefere citar trecho da Bíblia que narra a passagem na qual o escravo hebreu José previu que o Egito passaria sete anos de vacas gordas e em seguida sete anos de vacas magras.
“Nós vamos viver literalmente esse termo do Velho Testamento, preparem-se para os meses de vacas magras” observou o dono de açougue situado próximo à Praça da Feira.
O municipio de Cáceres tem cerca de 90 habitantes é apontado pelo Instituto de Defesa Agropecuaria (INDEA) como detentor do maior rebanho bovino de Mato Grosso, com cerca de 1,2 milhão de cabeças.