sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Alagoas se empenha por status de livre de aftosa

Em novembro, Alagoas enfrenta mais uma etapa de um importante combate, a luta contra a febre aftosa. Durante todo o mês, o setor pecuário e os serviços veterinários oficiais direcionam suas ações para garantir que todos os bovinos e bubalinos do Estado recebam a segunda dose anual da vacina antiaftosa.

A vacinação é uma das principais ações de cumprimento do setor produtivo dentro do Programa Estadual de Erradicação da Febre Aftosa, um projeto que exige também grande empenho dos setores públicos.

Para se obter um crescimento de status sanitário animal – classificações dadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e determinantes para o comércio de animais e subprodutos – o Estado precisa comprovar ter um serviço de defesa agropecuária capaz de identificar onde está cada animal de seu rebanho e de conter um possível foco de doença.

Pleiteando o status de zona livre de febre aftosa com vacinação, Alagoas tem aprimorado suas ações sanitárias animal e investido em melhorias na Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal). “Estamos seguindo rigorosamente os itens estabelecidos no relatório da última auditoria do Ministério da Agricultura”, afirma Manoel Tenório, diretor-presidente da Adeal.

A atualização cadastral das propriedades rurais do Estado é um desses itens. Para cumpri-lo, técnicos da Adeal estão percorrendo todos os municípios alagoanos para complementar os dados cadastrais e marcar a coordenadas geográficas das propriedades com animais. “Os trabalhos estão evoluindo bem. Cerca de 65% das propriedades já estão georreferenciadas”, anuncia o diretor.

Iniciado no final de agosto, o mutirão reúne também profissionais da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri).

“Disponibilizamos técnicos da equipe de extensão rural com experiência nas pequenas propriedades. A determinação do governo é dispor de toda a estrutura necessária para a mudança de status ser efetivada”, destaca a secretária de Estado da Agricultura, Inês Pacheco.

A Adeal está elaborando ainda a reestruturação de seu organograma técnico e criação do Plano de Cargos e Salários dos servidores. “Já foi criada uma comissão e, no próximo dia 11 (de novembro), temos marcada uma reunião com técnicos da Segesp (Secretaria de Estado da Gestão Pública) para elaboração do plano”, diz José Arnaldo Lisboa, presidente da Associação dos Servidores de Fiscalização Agropecuária de Alagoas (Asfeagro).

Nesse passo, a reclassificação deve sair em breve. “Há um entendimento do Ministério da Agricultura para que a mudança de status seja feito em bloco, com todos os estados do Nordeste. Falta aprovação da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal). Se ela não sair ainda este ano, deve ser no começo do ano que vem”, estima Manoel Tenório.

A mudança é tão esperada por ser fundamental para o mercado agropecuário. Regiões com status inferiores são impedidos de comercializar animais e até mesmo produtos como leite e carne. Durante anos, Alagoas amargou essa limitação, quebrada em 2009, com a obtenção da zona de risco médio, classificação que mantém atualmente.

A zona de risco médio foi determinante para o aquecimento de setores como o de genética animal, conhecido por sua grande qualidade, mas limitado pela imposição sanitária. “A evolução de classificação teve um incremento direto nas negociações. A zona de risco médio restringia o comércio não só de fora, como de dentro do próprio Estado. O investidor local não tinha o ânimo de comprar um animal de qualidade genética avançada se sabia que não ia poder vender para fora do Estado. A mudança foi um estímulo não só para o comércio externo como para o de dentro de Alagoas”, explica o agropecuarista Celso Barros Correia.

Outro setor que sentiu o impacto direto da mudança de status sanitário foi o de eventos agropecuários. A Expoagro, maior exposição do setor no Estado, viu expandir seu volume de negócios. A participação de pecuaristas de fora do Estado também teve uma grande evolução. A edição deste ano tem criadores de Pernambuco, Pará, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte.

“O crescimento da Expoagro tem tudo a ver com a mudança de classificação. O criador de fora não podia vir, o criador daqui não podia ir. Em 2009, houve um crescimento de faturamento de leilões de 20% em relação a 2008. Este ano, os três primeiros leilões tiveram um crescimento de 20% em relação aos três primeiros de 2009”, comemora Domício Silva, presidente da Associação dos Criadores de Alagoas (ACA).

por Agência Alagoas