quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Arroba do boi vai a R$ 107,60 e frigoríficos limitam vendas no MS

Daniel Popov

SÃO PAULO - Os frigoríficos do Mato Grosso do Sul (MS) começaram a tomar providências em relação à baixa oferta de carne e as altas nos preços, e decidiram reduzir para uma semana o prazo para pagamento da carne bovina vendida aos supermercados do estado. Anteriormente os prazos variavam entre 15 e 28 dias.

Essa decisão foi tomada pela Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne de MS (Assocarnes) que alegou que os preços da arroba subiram, ultrapassando a casa dos R$ 100.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Riedel, observa que a decisão dos frigoríficos transfere para o varejo uma prática que se tornou comum entre os fornecedores pecuaristas, que é o pagamento à vista, cuja campanha foi lançada pelo setor no ano passado, em função do endividamento de várias indústrias frigoríficas. Segundo ele, a eliminação da venda a prazo, diminui o risco de perdas devido a quebra de frigoríficos. "O pagamento à vista não favorece apenas os pecuaristas, mas toda a cadeia da carne, na medida em que oferece mais segurança na comercialização", contou.

Com altas de preços de aproximadamente 39% no acumulado de janeiro a outubro deste ano, a arroba do boi gordo, que somente neste mês de outubro já acumulou mais de 14% de aumento, atingiu na última terça-feira em São Paulo o maior valor real já visto, R$ 107,60, segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Até terça-feira, o maior valor real do indicador havia sido registrado em 11 de novembro de 1999, quando os preços atingiram a marca de R$ 106,01, contabilizando a inflação do período. Os preços do bezerro e do boi magro também estão em patamares mais elevados, afirmou a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em nota na tarde de ontem.

Segundo a CNA, essa situação confirma as avaliações de escassez de animais de reposição, reflexo do abate excessivo de matrizes dos últimos anos. Em média, os animais de reposição são vendidos a R$ 130 reais por arroba (bezerro) e R$ 120 por arroba (boi magro), afirmou a confederação. "Não há perspectiva de equilíbrio no quadro de oferta e demanda de boi gordo no curto prazo".

As cotações da arroba do boi gordo que tem experimentado altas desde a última semana, quando o preço ultrapassou a marca dos R$ 100 , deixaram os pecuaristas em alerta, e estes por sua vez passaram a limitar as vendas em meio à baixa oferta de animais para o abate.

DCI - Diário do Comércio & Indústria