quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Minuano acerta venda com Iraque e reativa frigorífico


Um contrato de exportação de mil toneladas mensais de "griller" (frango em carcaça sem miúdos) assinado na semana passada com a iraquiana Al Kafeel permitiu a reativação do frigorífico da Companhia Minuano de Alimentos em Passo Fundo (RS). A unidade estava parada desde junho, quando a empresa, controlada pela Minupar Participações e com sede em Lajeado (RS), encerrou a prestação de serviços de abate iniciada em 2005 para a Doux Frangosul.
Conforme o diretor-presidente da Minupar, Paulo Vicente Sperb, o contrato permite à Minuano retomar as vendas diretas da carne de frango, interrompidas em 2009. Desde 2002, quando decretou concordata, levantada cinco anos depois, a empresa vinha reduzindo a produção própria, enquanto ampliava a prestação de serviços de abate, corte e desossa para a Doux Frangosul e, desde 2003, para a Sadia (BRF Brasil Foods).
As vendas para o Iraque vão exigir o abate inicial de 40 mil aves por dia e serão feitas com a marca do importador, mas a operação comercial é integralmente controlada pela empresa, explicou Sperb. O contrato vale até outubro e pode ser ampliado em prazo e volume. Além disso, segundo o executivo, a Minuano pretende voltar a produzir carne de frango com marca própria em Passo Fundo em 2011, quando a expectativa é chegar a 80 mil abates diários naquela planta.
Por enquanto, os únicos produtos vendidos com a marca Minuano são os embutidos feitos em Arroio do Meio (RS) e Jaraguá do Sul (SC), na média de 1,3 mil toneladas por mês, sendo 77% destinados ao mercado externo. Já os abates para a BRF, que tem contrato com a empresa gaúcha até 2012, chegam a 150 mil aves por dia na unidade de Lajeado, enquanto o volume entregue para a Doux Frangosul era de 80 mil cabeças/dia. Em maio a companhia arrendou o frigorífico de suínos de Armazém (SC).
O acordo com a Al Kafeel também permitiu à Minuano segurar parte dos empregados de Passo Fundo - do fim de 2009 até agora o número total de funcionários da empresa recuou de 3 mil para 2,6 mil - e retomar as contratações de criadores integrados. Por enquanto foram incorporados 150, mas o número pode dobrar em 2011 se os planos de expansão forem bem sucedidos. Em 2002, quando pediu concordata, a Minuano havia repassado seus 800 integrados para a Doux Frangosul e para a Sadia.
Depois de apurar receita líquida consolidada de R$ 122,6 milhões em 2009, quando aderiu aos programas de refinanciamento fiscal do governo, e de R$ 57,4 milhões no primeiro semestre deste ano, a Minupar pretende captar R$ 150 milhões até o primeiro semestre de 2012, incluindo venda de participação acionária e tomada de empréstimo, para aumentar a disponibilidade de capital de giro. O plano é casar a captação com o fim do contrato de prestação de serviços para a BRF e permitir a retomada integral de produção de carne de frango com marca própria.
"Acabamos de fazer uma apresentação para mais de 20 fundos em Nova Iorque e Londres", disse Sperb. Segundo ele, o aporte não vai alterar o controle acionário da companhia e, se sucedido, permitirá elevar o volume de abate de 190 mil para 300 mil aves por dia, o equivalente às capacidades das plantas de Passo Fundo e de Lajeado, e ampliar o faturamento bruto de R$ 130 milhões para R$ 500 milhões por ano, graças à melhor remuneração obtida com a venda de produtos de marca própria.
Valor Econômico