quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Venda externa absorve mais de 35% da produção brasileira de carne de frango

Campinas, 21 de Outubro de 2010 - Em decorrência dos embarques recordes ocorridos em julho passado (360.526 toneladas, o segundo maior volume já exportado pelo Brasil), as vendas externas de carne de frango absorveram, no mês, mais de um terço da produção brasileira (quase 1,007 milhão de toneladas).
Esse quadro difere radicalmente daquele observado no primeiro mês de 2010, ocasião em que o volume exportado correspondeu a não mais que 23% da produção total de carne de frango, o menor índice registrado nos últimos 25 meses.
Note-se, neste último caso, que a relação produção/exportação de janeiro de 2010 foi inferior até mesmo àquela observada em novembro de 2008, mês em que, com a eclosão da crise econômica mundial, as exportações brasileiras de carne de frango sofreram brutal e repentina queda.
Mas o mais surpreendente no tocante aos três meses mencionados (novembro de 2008, janeiro de 2010 e julho de 2010) é que o volume de carne de frango produzido em cada um deles foi praticamente o mesmo (respectivamente, 999 mil/t, 1,001 milhão/t e 1,007 milhão/t). O que mudou, pois, foi o volume exportado – 235 mil/t em novembro de 2008; 233 mil/t em janeiro de 2010; e 360 mil/t em julho de 2010, cerca de 54% a mais que nas duas ocasiões anteriores.
Naturalmente, o efeito dessas grandes variações recai, quase totalmente, sobre o mercado interno. Tanto que, em julho de 2010, com uma disponibilidade interna significativamente menor que a de janeiro, os preços do frango, enfim, começaram a “desencantar”.
Claro, é inegável que a entressafra da carne bovina contribuiu para esse “desencantamento”. Mas será que a resposta (em termos de remuneração) teria sido a mesma se, em vez das 646 mil toneladas disponibilizadas em julho, fossem ofertadas internamente as mesmas 767 mil toneladas de janeiro?
Porém, tudo isso só serve para demonstrar que as exportações têm papel fundamental no equilíbrio da avicultura de corte. A tal ponto que solicitam uma política específica que seja capaz de preservar não só a produção exportável, mas também a que atende o mercado interno e que ainda corresponde a três quartos da produção total.
ET.: Em abril de 2009 as exportações absorveram 40% do total produzido, um índice recorde. Mas não porque as exportações ajudaram e, sim, porque, à época, a produção foi compulsoriamente reduzida.