sexta-feira, 19 de novembro de 2010

JBS em baixa

Os títulos da dívida do JBS SA têm a pior semana desde que foram emitidos em julho. O desempenho dos papéis é afetado pela decisão do frigorífico de pagar US$ 300 milhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para estender o prazo da abertura de capital da subsidiária nos Estados Unidos.

O rendimento dos títulos de cupom 8,25% com vencimento em 2018 subiu 33 pontos-base para 7,9% na semana até ontem, comparado a um aumento de 25 pontos-base para a dívida corporativa brasileira acompanhada pelo índice CEMBI do J.P. Morgan Chase & Co. A dívida corporativa mexicana subiu 25 pontos-base no mesmo período, enquanto o custo de financiamento para as empresas da Rússia avançou 23 pontos-base.

O JBS concordou em pagar a multa para estender o prazo para abrir o capital da unidade americana, sem que seja ativada uma cláusula que permite ao BNDES converter US$ 2 bilhões em títulos em ações da empresa, o que elevaria a participação do banco de fomento na companhia. O custo dos empréstimos para empresas brasileiras aumentou para o maior patamar em dois meses esta semana, com os investidores rejeitando ativos de maior rendimento em meio à investigação sobre possível fraude no Banco Panamericano SA.

"O adiamento da abertura de capital vai ter um impacto", disse Juan Cruz, analista de bônus corporativos do Barclays Plc em Nova York, numa entrevista por telefone. "Isso tem um custo real."

A rentabilidade da dívida do JBS está abaixo do desempenho de títulos corporativos de mercados emergentes. O rendimento médio nos bônus emitidos por empresas de nações em desenvolvimento subiu 20 pontos-base para 5,7% na semana encerrada em 16 de novembro, de acordo com dados do J.P. Morgan. As notas do JBS com vencimento em 2018 perderam 2,4% no período, contra uma queda de 1,8% para a dívida de países desenvolvidos, segundo dados compilados pela "Bloomberg" e pelo J.P. Morgan.

Suspeitas de fraude no Panamericano, sediado em São Paulo, elevaram desde 8 de novembro o rendimento médio dos títulos de empresas brasileiras em 38 pontos-base, ou 0,38 ponto percentual, para 6,1%, de acordo com o J.P. Morgan Chase.

O valor pago ao BNDES "pode impactar negativamente o desempenho dos bônus no curto prazo", escreveu Ruth Mazzoni, analista de títulos corporativos do Standard Bank, num relatório em 15 de novembro. Vanessa Esteves, assessora de imprensa do JBS, não retornou um telefonema e e-mails solicitando comentário para esta reportagem.

Valor Econômico