sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Surpresa! Expert britânico elogia frango brasileiro

Campinas, 5 de Novembro de 2010 - (Mal) acostumados a criticar – para defender o próprio mercado – a carne de frango importada, em especial a proveniente de países como Brasil e Tailândia, produtores britânicos estão recebendo o justo castigo: repentinamente se viram sob fogo cruzado; ou “duplamente traídos”, como eles mesmos declaram.


Primeiro, porque uma ONG vegetariana mostrou nas TVs locais cenas – consideradas chocantes – de pintos machos de linhagens de postura a caminho da morte. Segundo, porque uma das maiores autoridades em bem-estar animal do país colocou em dúvida a apregoada preocupação do setor com o bem-estar das aves.

Para melhor entender o episódio, é oportuno lembrar que, baseados em uma severa legislação sanitária e de bem-estar animal, os avicultores britânicos batem no peito e desmerecem até o frango de países vizinhos da própria União Europeia, afirmando que nenhum tem a qualidade do frango do Reino Unido, produzido segundo as melhores condições de bem-estar.

Mas ninguém menos que o líder em bem-estar animal da Real Sociedade de Prevenção à Crueldade contra os Animais (RSPCA) refuta essa afirmação e acusa os avicultores locais de dedicarem pouca ou nenhuma atenção ao bem-estar das aves. Para ele, “frangos criados no Brasil ou na Tailândia têm vida muito melhor que no Reino Unido”.

Quem fez essa inusitada declaração e colocou “o dedo na ferida” tem, ao que tudo indica, conhecimento de causa. É o Dr. Marc Cooper, que segundo a imprensa local visitou granjas avícolas do Brasil e da Tailândia ao longo do ano passado. E constatou que, comparativamente ao que ocorre no Reino Unido, nos dois países os frangos têm mais espaço à disposição (densidade de 13 aves por metro quadrado contra 20 no Reino Unido), abate menos precoce (em vez de 35 dias, pelo menos 42 dias, “o que dá à ave chance de se desenvolver normalmente”). Além, entre outros fatores favoráveis, de menos iluminação artificial (descanso maior, de seis horas, em vez de apenas quatro horas).

Em suma, o Dr. Cooper rejeita a presunção de que os padrões de bem-estar do Reino Unido são superiores. E diz, textualmente: “Baseados no que vimos, é mais seguro negar essa afirmação e dizer que o frango que vem, por exemplo, da Tailândia, é criado em condições de bem-estar superiores às que encontramos por aqui”. Prosseguindo:

“O mesmo se aplica ao Brasil. Lá, as condições de produção são diferentes. Mas, novamente, seria incorreto afirmar que o frango proveniente do exterior – seja do Brasil ou da Tailândia – está sendo produzido sob condições inferiores”. E reafirmou: “Eles operam com uma densidade menor, utilizam sobretudo a iluminação natural, adotam linhagens de crescimento mais lento e a biosseguridade está em um bom nível”.

As críticas do Dr. Cooper ao processo de criação do frango inglês poderiam ter caído no vazio. Mas tendo partido justamente do especialista em bem-estar animal de uma entidade que defende os animais há quase duzentos anos (a RSPCA foi fundada em 1824) causaram revoada de penas para todos os lados.

Claro que, criada a celeuma, a RSPCA tentou colocar panos quentes no problema. Mas ao mesmo tempo em que insistia não estar criticando “todos os granjeiros britânicos”, a entidade afirmava que os frangos orgânicos, os criados sob o sistema “free-range” ou mesmo sob o sistema “freedom food” da própria RSPCA terão melhores condições [de bem-estar animal] que aqueles da Tailândia ou do Brasil. Ou seja: ratificou a afirmação do Dr. Cooper de que o frango britânico produzido industrialmente é inferior ao tailandês ou ao brasileiro.



(AviSite) (Redação)