sexta-feira, 6 de agosto de 2010

ONG acusa governo Lula de financiar desmatamento na Amazônia

ONG acusa governo de financiar criação de gado em área desmatada
Um relatório divulgado nesta segunda-feira pela ONG ambientalista Greenpeace acusa o governo brasileiro de financiar indiretamente a destruição da Amazônia por meio de recursos destinados à criação de gado em áreas desmatadas ilegalmente.
De acordo com o relatório, o governo brasileiro é, na prática, "sócio" de grandes empresas do setor por conta dos empréstimos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Segundo a ONG, os grandes criadores de gado do Brasil, que respondem por 50% das exportações de carne do país, receberam cerca de R$ 5,2 bilhões do BNDES entre 2007 e 2009.
"Os três produtores que receberam a maior parcela dos investimentos do governo brasileiro incluem um dos maiores exportadores mundiais de couro e o maior exportador mundial de carne (controlando ao menos 10% da produção global)", afirma o relatório.
Para o Greenpeace, "a expansão desses grupos é, na prática, uma sociedade com o governo brasileiro". "Para aumentar a parcela do Brasil no comércio global, o governo está fornecendo capital para a expansão da infraestrutura da criação de gado na região amazônica", diz o relatório.
Licença ambiental
O BNDES disse à BBC Brasil que não recebeu oficialmente o estudo e que, portanto, não faria comentários sobre os casos específicos citados no relatório.
A assessoria de imprensa do banco disse ainda que somente os projetos com licença ambiental têm acesso às suas linhas de financiamento.

Nos casos com indício de irregularidade ambiental, o assunto é investigado e, se comprovada a irregularidade, a empresa pode ter sua linha de crédito suspensa, segundo o BNDES.
Consultado também pela BBC Brasil, o Ministério do Meio Ambiente não havia se pronunciado até o início da tarde desta segunda-feira.
Desmatamento
De acordo com o Greenpeace, os criadores de gado na Amazônia brasileira são hoje os maiores responsáveis pelo desmatamento no mundo, respondendo por um em cada oito hectares desmatados globalmente.
O relatório observa que o Brasil é o quarto maior emissor mundial de gases do efeito estufa e que a maior parte de suas emissões vêm do desmatamento da Amazônia.
"Acabar com o desmatamento é uma parte essencial da estratégia global de combate às mudanças climáticas e para preservar a biodiversidade", afirma o Greenpeace.
Segundo a ONG, a expansão da criação de gado na Amazônia ameaça a meta do governo brasileiro de cortar o desmatamento em 72% até 2018.
"Ao financiar a destruição da Amazônia para a criação de gado, o governo do presidente Lula está prejudicando seus próprios compromissos sobre o clima e também os esforços globais para combater a crise climática", afirma o coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace, André Muggiati.
"Se quiser ser parte da solução para o clima, o governo Lula precisa deixar de dividir a cama com a indústria do gado e se comprometer a acabar com o desmatamento na Amazônia. Senão, será culpado pela catástrofe climática que se seguirá", acrescenta Muggiati.
Marcas internacionais
O relatório do Greenpeace afirma ainda que muitas marcas internacionais estariam contribuindo indiretamente para o desmatamento da Amazônia ao comprar produtos da indústria da carne brasileiros.
Segundo a ONG, entre os compradores de produtos como couro e carne brasileiros produzidos na Amazônia estariam marcas como Adidas/Reebok, Timberland, Geox, Carrefour, Honda, Gucci, IKEA, Kraft, Nike e Wal-Mart.
A acusação ganhou destaque nesta segunda-feira na mídia britânica. Com uma reportagem em sua primeira página, o jornal The Guardianafirma que "os supermercados britânicos estão levando à rápida destruição da Floresta Amazônica ao usar carne de fazendas responsáveis pelo desmatamento ilegal".
O jornal Financial Times diz que a maioria das marcas citadas diz ter contratos com exportadores brasileiros com cláusulas que exigem que o gado não seja originário da região amazônica.

Mercado

Com relação aos  cortes contra filé e alcatra ontem a tarde havia oferta no mercado para os compradores de preços entre R$ 9,80 kg até R$ 10,00 kg , portanto,  muito aquém dos preços desejados pelos frigoríficos na parte da manhã. Devido a isso , a maioria das negociações ficaram para hoje, acreditando os compradores que terão ainda um diferencial favoravel para suas compras em função do aumento de volume de ofertas.
Boi com osso inteiro ,  foi negociado hoje traseiro R$ 6,50 kg , dianteiro R$ 4,50 e pa a R$ 4,10 kg.

CNA quer suspender campanha 'Carne Legal"

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), disse hoje que a carne bovina produzida na Amazônia não tem origem legal, "nem tem como ter". A senadora classificou de "farsa" os acordos selados pelo Ministério Público com frigoríficos e produtores rurais contra o comércio de carne produzida em fazendas desmatadas ilegalmente ou com registro de trabalho escravo.

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo. As vendas no mercado externo ultrapassaram US$ 4 bilhões no ano passado e poderão ser abaladas, segundo a CNA, pela cobrança coordenada pelo Ministério Público por regularidade ambiental, fundiária e trabalhista dos produtores rurais. Quanto maior a exigência, menor a quantidade de carne de origem legal que poderá entrar no mercado, raciocina a entidade.Segundo dados da CNA, 90% dos produtores rurais não registraram área de reserva legal, correspondente à proteção ambiental mínima nas propriedades. O mesmo porcentual das terras não teria documentos na região que já concentra mais de 35% do rebanho brasileiro, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"Acho que esses termos (de ajuste de conduta) são uma farsa, não são factíveis, não serão cumpridos", afirmou a presidente da confederação. É a primeira vez que a entidade de produtores rurais investe contra a tentativa de regularização da carne produzida na Amazônia. "Hoje não existe rastreabilidade da origem da carne, e a Amazônia será o último lugar onde isso será possível no País", completou.

Campanha

A senadora Kátia Abreu pediu na Justiça a suspensão da campanha intitulada "Carne Legal", que recomenda aos consumidores que verifiquem a origem da carne produzida na Amazônia. A campanha, disponível ainda na internet, começou a ser veiculada em junho com três vídeos, intitulados "churrasco de desmatamento", "picadinho de trabalho escravo" e "filé de lavagem de dinheiro".

Para a CNA, a campanha tem viés ideológico e é uma forma de pressionar empresas e produtores a assinarem termos de ajuste de conduta com o Ministério Público, que valem como garantia de origem da carne. "Os produtores são acusados de crime por não aceitarem os termos impostos pelos procuradores da República capturados pela ideologia das ONGs", diz a ação apresentada à Justiça.

"Ou assina o termo ou eles difamam", disse a senadora. "É uma campanha destrutiva, uma aberração, sem objetivo a não ser difamar um setor importante", completou Abreu sobre a campanha "Carne Legal".

De acordo com o Ministério Público, cerca de 80 Termos de Ajuste de Conduta (TACs) já foram assinados no período de um ano, desde que os procuradores federais no Pará pediram indenização de R$ 2 bilhões por danos ambientais de 11 frigoríficos e 20 fazendas de gado do Estado. Nesse período, a Amazônia registrou mais queda no desmatamento.

A pedido da senadora, a corregedora-geral do Ministério Público Federal, Ela Wieko de Castilho, abriu sindicância para apurar a participação de quatro procuradores na campanha "Carne Legal". Os vídeos foram produzidos pela Fundação Padre Anchieta. Os custos de produção e veiculação da campanha, bancada pelo Ministério Público, foram estimados em cerca de R$ 400 mil. "O Ministério Público defende a lei", reagiu o procurador da República no Pará Daniel Avelino, um dos citados na ação.

Ministério libera frango da BRF, Copacol e Rigor

Ministério libera frango da BRF, Copacol e Rigor

Luana Gomes, com agências

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) liberou ontem(5) do Regime Especial de Fiscalização as três empresas que estavam impedidas de comercializar carnes de frango in natura congeladas e resfriadas. A decisão autoriza a Cooperativa Agroin dus trial Consolata (Copacol), de Cafelândia(PR); a BRF-Brasil Foods, de Capinzal (SC); e a Rigor Alimentos, de Jarinu (SP), a retomar imediatamente a venda de seus produtos no varejo.

As três empresas haviam sido temporariamente impedidas de comercializar cortes de frango congelados e resfriados após fiscalização do Mapa constatar que os produtos tinham água acima do permitido pela legislação. A lei permite que o frango inteiro e os cortes, vendidos em bandeja, apresentem até 6% de água por causa do processo de congelamento. Segundo o Mapa, análises feitas por fiscais federais nesses três frigoríficos no mês passado apontaram porcentuais acima do permitido. 

O ministério determinou, então, que esses frigoríficos fossem submetidos ao Regime Especial de Fiscalização, que prevê a suspensão temporária da comercialização até que todo o estoque seja analisado. De acordo com nota técnica publicada no site do Mapa, a medida foi aplicada à Rigor Alimentos no dia 14 de julho, à Copacol em 21 de julho e à BRF na última segunda-feira.

As empresas autuadas só são liberadas do regime especial depois de rever seus programas de autocontrole e apresentar análises de três lotes com os padrões previstos em lei para comprovar a correção da irregularidade. Em nota divulgada ontem, o Mapa informou que análises realizadas por técnicos da pasta constataram que as três empresas que tiveram as vendas embargadas já cumpriram todas as exigências e estão aptas a retomar a venda de seus produtos.

O Mapa esclareceu que a fiscalização da quantidade de água presente na carne de frango é “um trabalho de rotina e a intenção é contribuir para a constante melhoria da qualidade dos produtos comercializados no país”. De acordo com o diretor de Inspeção de Produtos de Origem Animal do ministério, Nelmon Costa, na maior parte dos casos os frigoríficos autuados regularizam a situação em poucos dias.

Outro lado

BRF, Rigor Alimentos e Copacol negaram que as empresas comercializem produtos com água acima do permitido pela legislação. Em nota assinada pelo diretor-presidente Emílio Gonçalves Mori, a Copacol informou que “a fiscalização do estoque de produtos acabados e do processo de abate da empresa foi realizada entre 21 de julho e 4 de agosto e não foram constatadas irregularidades com relação à quantidade de água resultante do descongelamento dos produtos nas amostras analisadas”.

A Copacol informou ainda que, durante todo o período de vistoria, “a produção e o comércio de carne de frango no Brasil e exterior foram mantidos normalmente, sem ter passado por qualquer tipo de interrupção”. Apesar de não ter tido prejuízos industriais, a cooperativa teme que o embargo temporário à comercialização de seus produtos possa ter impacto negativo nas vendas de carne de frango no varejo. “Por enquanto está tudo normal, não voltou nenhuma carga. Mas mesmo que tenha sido comprovado que não houve irregularidades o consumidor acaba ficando meio em dúvida. Com certeza vai ter prejuízo”, relatou o assessor de imprensa da cooperativa.

Frio mata milhares de ovinos

As baixas temperaturas registradas no Rio Grande do Sul provocaram a morte de 7,8 mil cordeiros apenas nas últimas três semanas em Uruguaiana. A mortalidade representa 12% dos 65,1 mil nascimentos registrados e 4% do rebanho de 197.111 cabeças. "Os número deixam claro que os criadores não podem mais esperar que a natureza tome conta do rebanho", frisou o técnico da Emater Emanoel de Deus Torres. O presidente da Arco, Paulo Schwab, salienta que a alta mortalidade é preocupante, principalmente em um momento em que o Estado tenta ampliar seu rebanho, hoje em 4,2 milhões de cabeças. Ele alerta para a importância de mudar o período de parição de forma a evitar os meses de maior frio. Outra alternativa é a construção de abrigos.

Apesar de serem mais resistentes, os bovinos também são prejudicados pelas baixas temperaturas. A escassez de pasto obriga os agropecuaristas a alimentarem os animais com fibrosos com menor índice de nutrientes, como o capim-annoni e a caninha. Para contornar a situação, os pecuaristas ainda adicionam sal proteinado à ração, prática que eleva custo, além de reduzir o peso e a qualidade da carne. Em Bagé, o agrônomo da Emater Erich Oscar Groeger informa que essas condições de clima vão atrasar a engorda do gado. Segundo ele, devido ao inverno chuvoso, o desenvolvimento das pastagens cultivadas está atrasado e há deficiência nutricional. Groeger recomenda adubação das pastagens com nitrogênio e que algumas áreas sejam usadas para alimentar animais mais leves a fim de evitar perdas pelo pisoteio.

O levantamento semanal da Emater indica queda na produção de hortigranjeiros, mas não precisa índices. O assistente técnico da Emater Antônio Conte considera que, em geral, os produtores estão preparados para enfrentar as baixas temperaturas. Para a fruticultura, o frio favorece o controle de pragas e moléstias. O mesmo cenário se desenha no trigo, que apresenta bom desempenho, sem problemas de ordem sanitária. Aos fumicultores, a recomendação é trocar a água das bandejas de mudas para que não congelem.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mercado

Ontem foi negociado boi inteiro a R$ 6,50 kg  (TEB)  R$ 4,50  kg (DEB) e R$ 4,00 kg  (PA) aqui no Rio de Janeiro. Hoje , o frigorifico está pedindo nos mesmos produtos R$ 6,60 kg  x R$ 4,60 kg  x R$ 4,10 kg.
Quanto a alcatra e contra filé , a pedida varia entre R$ 10,30 / R$ 10,50 na alcatra e R$ 10,50 no contra filé.
Mas os compradores de forma geral não estão muito receptivos a esses preços.

Frigol critica concorrência desleal com ação do BNDES

05/08 
São Paulo - O frigorífico paulista Frigol, que na sexta-feira apresentou pedido de recuperação judicial, reclama da concorrência desigual, resultado do financiamento do BNDES aos grandes frigoríficos. Em comunicado, o Frigol aponta a dificuldade de obter financiamentos baratos para a produção, "enquanto os lucros das instituições financeiras batem recordes". "Some-se a tudo isso a política do governo federal em conceder recursos fartos e baratos via BNDES a três grandes grupos do setor, provocando uma concorrência desleal em prejuízo as pequenas e médias empresas do setor", diz a companhia.

Mapa suspende venda de carne de frango de três empresas

Três empresas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina estão impedidas de comercializar carnes de ave in natura congeladas e resfriadas. Fiscalização do Ministério da Agricultura constatou que os produtos tinham água acima do permitido pela legislação. Esses estabelecimentos foram submetidos ao Regime Especial de Fiscalização, que determina análise de todo o estoque antes da liberação para o comércio. Este ano, oito empresas já foram incluídas nesse regime.

Os fiscais do ministério recolheram as amostras no comércio varejista de todo o País, para avaliação da quantidade de água resultante do descongelamento. A Portaria Nº 210/1998 delimita que carcaças e cortes de aves podem ter até 6% de água depois de descongeladas.

As empresas infratoras ficarão sob o Regime Especial de Fiscalização até que comprovem a correção da irregularidade. Isso é feito por meio da revisão dos seus programas de autocontrole e da apresentação das análises de três lotes com os padrões previstos em lei.

Se o consumidor detectar excesso de água na carne de ave congelada, pode denunciar a irregularidade na Ouvidoria do Ministério da Agricultura, telefone 0800 7041995.

Números - O Ministério da Agricultura recolhe, por ano, mais de mil amostras para analisar o percentual de água em carcaças de aves e em produtos vendidos no comércio e produzidos nas empresas.

Quando são detectadas irregularidades, os estabelecimentos, além de autuados e multados, podem passar pelo Regime Especial de Fiscalização. Desde 2007, 34 empresas já foram submetidas a esse regime.

DECON fecha frigorífico clandestino

CARNE ESTRAGADA
Oito pessoas foram detidas e um frigorífico clandestino foi fechado durante operação de policiais da Delegacia de Proteção ao Consumidor (DECON), em Jacarepaguá, nesta quarta-feira. No local, os policiais encontraram cerca de 900 quilos de carne com validade vencida ou próxima do vencimento. Os produtos eram distribuídos para cerca de cinquenta estabelecimentos comerciais da cidade, entre eles mercados na Tijuca, Grajaú, Vila Isabel e Recreio. 

A carne era comprada pelos criminosos com a alegação de que seria usada para fazer ração animal. O grupo lavava os alimentos, embalava novamente e revendia o produto para pequenos mercados, com preços abaixo dos praticados normalmente. O frigorífico funcionava numa casa, dentro de um condomínio. Os criminosos estariam atuando há cerca de um ano e meio e já tinham comprado dois caminhões e duas Kombis para fazer a distribuição das carnes. O material apreendido será encaminhado para a Vigilância Sanitária.
Bruno Rohde 

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Frigoríficos vivem fase de concentração radical


Frigoríficos pequenos reclamam de falta de apoio
Autor(es): Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha, de Brasília e São Paulo
Valor Econômico - 04/08/2010

Um ano e meio e dez frigoríficos depois, um quadro de concentração ainda maior se desenha no setor de carne bovina. Especialistas preveem que no médio prazo - cerca de cinco anos - restarão apenas quatro empresas no setor. Num horizonte de mais de dez anos, estimam que sobrarão apenas duas ou três.

Boa parte da consolidação vista até agora foi feita com o apoio do BNDES, que injetou recursos em grandes empresas como JBS e Marfrig. A ação do banco provocou queixas entre as empresas de pequeno e médio portes, que se sentem preteridas diante de um pequeno grupo de escolhidos.
Desde o primeiro trimestre do ano passado até agora, dez empresas de carne bovina pediram recuperação judicial ou deixaram de operar, arrendando unidades para outros frigoríficos ou suspendendo os abates de gado.

Arrastados pela crise financeira global de 2008 por falta de capital de giro e exposição à variação cambial, boa parte dos pequenos e médios frigoríficos reclama da falta de auxílio do governo e da política de "vencedores e perdedores" empreendida pelo BNDES no setor.
Mas os bancos que operam no segmento afirmam haver uma "clara tendência" de concentração. Alguns agentes até estimulam indústrias médias a vender o negócio antes de perder mais eficiência em cenário amplamente desfavorável a empresas sem capital e atuação cada vez mais global.
Considerando-se "preteridos" durante a operação de socorro ao setor, os frigoríficos afirmam ser obrigados a trabalhar alavancados em recursos de terceiros, além de ter margens apertadas e capacidade ociosa alta.
"Percebemos mais facilidades para uns grupos e menos para outros", diz o dono do Frialto, Tadeu Paulo Bellincanta. "Não houve boa vontade de operar conosco. Ficou patente a opção pela concentração". O Frialto, que deve R$ 564 milhões, mas faturava R$ 1,3 bilhão, pediu recuperação judicial em maio deste ano. Quatro de suas seis plantas estão paradas por falta de capital de giro. "Mas nosso patrimônio é maior que a dívida. Foi um "tropicão". Vamos sair dessa", diz Bellincanta.
O advogado Júlio Mandel, que representa o paulista Frigol, diz que a empresa pediu recuperação porque vinha enfrentando problemas de liquidez. "Eles tentaram recursos com o BNDES e com o Banco do Brasil, mas as propostas não foram aprovadas". A empresa tem unidades em Lençóis Paulista (SP), Água Azul do Norte (PA) e Pimenta Bueno (RO), e opera parcialmente. A dívida do Frigol, que fatura R$ 750 milhões, está na casa dos R$ 160 milhões.
Em março de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou uma ajuda aos frigoríficos. Não queria que as indústrias do setor repetissem o drama da multinacional Parmalat, cuja quebra provocou desarranjo no setor lácteo, prejudicando pequenos produtores. Uma linha de R$ 10 bilhões foi criada para garantir capital de giro em um momento de retração de crédito e forte aversão a riscos.
Mas os frigoríficos médios ficaram de fora dos benefícios. Seja porque o custo do crédito era muito elevado (11,25% ao ano) ou porque as exigências de garantias reais estavam acima da capacidade do segmento. "O governo não tem uma política de apoio a esse segmento", aponta o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. "O auxílio que chegou não pôde ser acessado".
No governo, avalia-se como correta a política do BNDES. Muitos desses frigoríficos médios têm gestão antiga, instalações velhas e são bastante endividados, apontam fontes. Como o setor exige muito capital, escala, logística e gestão profissional, algumas empresas estariam "fragilizadas" para receber novos aportes.
Para essas fontes, a fusão da Perdigão e Sadia na Brasil Foods pode gerar novos negócios. "Um frigorífico de nicho pode surgir de mercados onde a BRF deixará de atuar", avalia um executivo. A americana Tyson Foods, única estrangeira grande no Brasil, também poderia ser beneficiada nesse novo momento do setor, pós-julgamento da fusão pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O cenário ainda é nebuloso no setor e alguns analistas avaliam que mais frigoríficos de porte médio podem pedir recuperação judicial. Uma das razões é que enfrentam forte concorrência na compra da escassa matéria-prima e na venda da carne.
Para algumas empresas, a situação começa a se normalizar. "Fomos lá no BNDES durante a crise, mas disseram que já tinham dado muito dinheiro para frigoríficos", relembra o diretor de Controladoria do FrigoEstrela, Rubens Andrade Ribeiro Filho. O frigorífico, que deve R$ 188,4 milhões, está em recuperação desde novembro de 2008. Dos três mil funcionários, sobrou metade. "Mas já voltamos a 2,2 mil. Agora, o faturamento ainda é 70% de antes da crise", diz.


Boi rastreado não tem preço maior

Em Goiás, adicional pago por animais de fazendas da "Lista Trace", que exportam para a Europa, está cada vez menor


Venilson Ferreira / CUIABÁ

A falta de remuneração para a criação do boi rastreado, exigência no fornecimento de animais cujas carnes serão exportadas para a União Europeia (UE), está desanimando os pecuaristas de Goiás. Dirigentes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faeg) estão discutindo o assunto no Ministério da Agricultura.

Os criadores pedem ao ministério que libere as propriedades habilitadas pela UE, relacionadas na chamada lista Trace, a criarem também bois não rastreados, sem que isto implique perda do status de apto à exportação. Os produtores argumentam que a exigência está privilegiando a indústria, pois atualmente não existe ágio no pagamento do boi rastreado.

Em análise recente, a Scot Consultoria alertava que em muitos frigoríficos o chamado "boi Europa" estava valendo o mesmo que o "boi comum". Analistas lembram que o prêmio pago já chegou a mais de 10% em época de oferta reduzida.

No ano passado, o ágio entre o boi rastreado e o comum caiu e ficou em torno de 3% a 5% em agosto. No ápice da oferta de bois de confinamento (outubro e novembro) o ágio recuou para 1%. Neste ano, a margem estreitou mais cedo. Os analistas da Scot observam que a maior parte das fazendas da lista Trace realiza o confinamento e a oferta de animais aumenta no segundo semestre.

Frigoríficos pequenos reclamam de falta de apoio

Carne bovina: Companhia menor considera-se preterida pelo BNDES


Mauro Zanatta e Alda do Amaral Rocha, de Brasília e São Paulo

Arrastados pela crise financeira global de 2008 por falta de capital de giro e exposição à variação cambial, boa parte dos pequenos e médios frigoríficos reclama da falta de auxílio do governo e da política de "vencedores e perdedores" empreendida pelo BNDES no setor.

Mas os bancos que operam no segmento afirmam haver uma "clara tendência" de concentração. Alguns agentes até estimulam indústrias médias a vender o negócio antes de perder mais eficiência em cenário amplamente desfavorável a empresas sem capital e atuação cada vez mais global.

Considerando-se "preteridos" durante a operação de socorro ao setor, os frigoríficos afirmam ser obrigados a trabalhar alavancados em recursos de terceiros, além de ter margens apertadas e capacidade ociosa alta.

"Percebemos mais facilidades para uns grupos e menos para outros", diz o dono do Frialto, Tadeu Paulo Bellincanta. "Não houve boa vontade de operar conosco. Ficou patente a opção pela concentração". O Frialto, que deve R$ 564 milhões, mas faturava R$ 1,3 bilhão, pediu recuperação judicial em maio deste ano. Quatro de suas seis plantas estão paradas por falta de capital de giro. "Mas nosso patrimônio é maior que a dívida. Foi um "tropicão". Vamos sair dessa", diz Bellincanta.

O advogado Júlio Mandel, que representa o paulista Frigol, diz que a empresa pediu recuperação porque vinha enfrentando problemas de liquidez. "Eles tentaram recursos com o BNDES e com o Banco do Brasil, mas as propostas não foram aprovadas". A empresa tem unidades em Lençóis Paulista (SP), Água Azul do Norte (PA) e Pimenta Bueno (RO), e opera parcialmente. A dívida do Frigol, que fatura R$ 750 milhões, está na casa dos R$ 160 milhões.

Em março de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou uma ajuda aos frigoríficos. Não queria que as indústrias do setor repetissem o drama da multinacional Parmalat, cuja quebra provocou desarranjo no setor lácteo, prejudicando pequenos produtores. Uma linha de R$ 10 bilhões foi criada para garantir capital de giro em um momento de retração de crédito e forte aversão a riscos.

Mas os frigoríficos médios ficaram de fora dos benefícios. Seja porque o custo do crédito era muito elevado (11,25% ao ano) ou porque as exigências de garantias reais estavam acima da capacidade do segmento. "O governo não tem uma política de apoio a esse segmento", aponta o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. "O auxílio que chegou não pôde ser acessado".

No governo, avalia-se como correta a política do BNDES. Muitos desses frigoríficos médios têm gestão antiga, instalações velhas e são bastante endividados, apontam fontes. Como o setor exige muito capital, escala, logística e gestão profissional, algumas empresas estariam "fragilizadas" para receber novos aportes.

Para essas fontes, a fusão da Perdigão e Sadia na Brasil Foods pode gerar novos negócios. "Um frigorífico de nicho pode surgir de mercados onde a BRF deixará de atuar", avalia um executivo. A americana Tyson Foods, única estrangeira grande no Brasil, também poderia ser beneficiada nesse novo momento do setor, pós-julgamento da fusão pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O cenário ainda é nebuloso no setor e alguns analistas avaliam que mais frigoríficos de porte médio podem pedir recuperação judicial. Uma das razões é que enfrentam forte concorrência na compra da escassa matéria-prima e na venda da carne.

Para algumas empresas, a situação começa a se normalizar. "Fomos lá no BNDES durante a crise, mas disseram que já tinham dado muito dinheiro para frigoríficos", relembra o diretor de Controladoria do FrigoEstrela, Rubens Andrade Ribeiro Filho. O frigorífico, que deve R$ 188,4 milhões, está em recuperação desde novembro de 2008. Dos três mil funcionários, sobrou metade. "Mas já voltamos a 2,2 mil. Agora, o faturamento ainda é 70% de antes da crise", diz.

Queda de 15,7% no confinamento de gado em MT

A previsão é que os animais de confinamento ocupem 31% da capacidade de abate no estado no mês de outubroCuiabá


A intenção do produtor de Mato Grosso em investir no sistema de confinamento de gado registrou uma queda de 15,7% este ano com relação ao ano passado. Em 2009 foram confinados 637.983 animais e este ano caiu para 537.897. Foram identificadas 221 propriedades com estrutura de confinamento em Mato Grosso, sendo que 207 foram contatadas pelo Imea - Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária de MT – e dessas 152 estão confinando e 55 não vão colocar nenhuma cabeça em suas estruturas.

Pelo levantamento do Imea, a única região que registrou aumento de 2009 para 2010 foi a Médio-norte, com um acréscimo de 7,1% no número de animais confinados. Nas demais regiões houve recuo, com destaque para a região Noroeste, que teve queda de 44,94%. Mesmo com o recuo de 8,3%, a região Sudeste deve confinar o maior número de animais no Estado, com a previsão de 161 mil cabeças. Em relação às operações de Hedge, que são utilizadas como forma de seguro, o contrato a termo feito com o frigorífico respondeu por 8% do total e 14% é a parcela do contrato futuro feito na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).

O anúncio dos dados foi feito pela Associação dos Criadores de Mato Grosso – Acrimat, durante coletiva com a imprensa nesta terça-feira (03). O superintendente da Associação, Luciano Vacari, analisa que essa queda demonstra que “o pecuarista está percebendo ano a ano, que o confinamento é um negócio bem diferente do sistema produtivo tradicional, que requer atenção especial, com gestão profissional, manejo especifico, investimento em estrutura voltada para esse sistema e com olhar no futuro”. Ele explica que o produtor tem que fazer “muitas contas até a tomada de decisão de confinar ou não, como o preço do garrote, o custo de todo processo durante o tempo de permanência no confinamento e analisar o mercado futuro, para ver se compensa ou não o investimento. Mesmo com o registro dessa queda de animais confinados, esse é um negócio que tende a crescer”.

O produtor, que pode ter dois giros por ano na estrutura de confinamento, vai entregar os animais para o abate do segundo semestre, até o final do ano. “O levantamento do Imea demonstra que neste ano, a distribuição dos abates dos animais confinados se apresentou mais equilibrada em relação ao ano passado, mas as maiores entregas continuam sendo nos meses de setembro, com previsão de 20,6% e outubro com 24,3% do volume total”, disse o superintendente do Imea, Otávio Celidônio.

Diz um ditado do campo que o boi criado no pasto é do pecuarista e o boi de confinamento é do frigorifico, já que esse animal tem data para ser abatido. Essa teoria rural e o as datas estipuladas de entrega “tranquiliza os frigoríficos que podem contar com uma oferta de gado, relativamente alta, nos períodos certos do ano”, comenta Vacari. A taxa de ocupação da capacidade de abate do Estado, dos frigoríficos SIF, com os animais oriundos das unidades confinadoras deve atingir no mês de outubro 31% das unidades disponíveis. Nos meses de setembro, outubro e novembro a região Centro-sul vai abater o maior volume de animais confinados chegando aos 57%, em outubro. A região que deve abater o menor número de animais é a região Noroeste, ficando com média de 1,0% no ano. As informações são da assessoria de imprensa da Acrimat.

Britânicos já comeram carne de vaca clonada. Chamava-se Dundee Paratrooper

O regulador britânico da indústria alimentar admitiu pela primeira vez que já se comeu carne de pelo menos um animal clonado no Reino Unido. O comunicado da Food Standards Agency foi publicado ontem ao final do dia e reconhece que pelo menos uma vaca, a Dundee Paratrooper, foi abatida em Julho de 2009, entrou na cadeia alimentar e "terá sido comida."
A informação surge como ponto de situação de uma investigação levada a cabo pela autoridade depois de vários relatórios autónomos suspeitarem que uso de animais clonados na indústria alimentar estava a generalizar-se. Até ontem a FSA desmentia qualquer caso, mesmo depois de Bruxelas ter tocado o alarme: uma vez que não há restrições à importação de sémen, qualquer vaca pode ser fecundada com um animal clonado, sendo provável que milhares de lacticínios e peças de carne tenham derivado de clones.

A FSA diz não ter encontrado muitos casos mas que estes produtos precisam de ser autorizados previamente. Além da Dundee Paratrooper descobriram uma segunda vaca, Dundee Perfect, abatida a 27 de Julho deste ano mas que foi proibida de entrar na cadeira alimentar. Neste momento procuram ainda uma terceira vaca, a Dundee Paradise, que acreditam que possa estar inserida numa quinta de produção de leite.

A FSA adianta que, apesar de não haver indícios de que consumir produtos de clones saudáveis ou das suas crias constitua um risco de segurança alimentar, estes produtos estão sujeitos a legislação nacional e europeia. A multa por incumprimento nas autorizações, esclarece, pode chegar às cinco mil libras.

Sem abate clandestino

O secretário de Agricultura da Bahia, engenheiro agrônomo Eduardo Salles, assina nesta quarta-feira, (04), em Itaberaba, ordem de serviço autorizando a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia, (Adab), a iniciar os trabalhos visando a descentralização do abate na região da Chapada e do Paraguaçu, com a construção de um frigorífico no município de Itaberaba.

Esta será uma das ações do programa Seagri Itinerante, iniciado nesta terça-feira e que prossegue até sexta-feira, (06), em Itaberaba e Mucugê. O secretário vai assinar também ordem de serviço autorizando a construção de uma unidade de beneficiamento de frutas no município de Bonito.

Os atos acontecem no estande da EBDA, na Praça do Coqueiro, em Itaberaba, onde a Seagri está promovendo uma feira de tecnologia, viabilizando ao agricultor familiar a compra de um facão até um trator, pelo programa Mais Alimentos, sem juros, com três anos de carência e sete anos para pagar.

O frigorífico de Itaberaba é um dos 15 novos abatedouros que o governo do Estado está implantando na Bahia, ampliando em 50% o número de frigoríficos. Estamos criando condições para que o pequeno produtor tenha como e onde abater seus animais, com segurança sanitária, e ao mesmo tempo garantindo a saúde da população e o combate ao abate clandestino, disse o secretário Eduardo Salles. Com planta padrão desenvolvida pela Seagri, os novos abatedouros são modulares e

terão capacidade para abater de 30 até 100 animais por dia. Este projeto está sendo executado com parceria dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário.

A planta padrão está à disposição, gratuitamente, das prefeituras, e acessível também à iniciativa privada. O principal objetivo dessa medida inovadora, e já referenciada pelo Ministério da Agricultura, é criar micro pólos de abate, fortalecer as cadeias produtivas regionais, melhorar a qualidade da carne, combater o abate clandestino no Estado, além da gerar emprego e renda para a população.

Os 15 novos frigoríficos serão construídos nos municípios de Itanhém, Barra, Santa Rita de Cássia, Medeiros Neto, Valente, Iguaí, Araci, Itaberaba, Jaguaquara e Paramirim. As novas unidades de abate deverão ser geridos por cooperativas, com a participação de pecuaristas, das prefeituras e de marchantes, a exemplo do que já acontece com o abatedouro de Pintada.

Estamos investindo dinheiro público, e queremos garantir que os frigoríficos tenham perenidade, disse o secretário. As outras unidades, com capacidade de 100 animais/dia, serão implantadas nos municípios de Bom Jesus da Lapa, Valença, Remanso, Morro do Chapéu e Itabuna.

A implantação dos novos frigoríficos, que faz parte do Programa de Regionalização do Abate, representa um grande avanço para a pecuária baiana. De acordo com o secretário Eduardo Salles, os 15 municípios onde as novas unidades serão instaladas foram definidos depois de um estudo das zonas do Estado que mais necessitavam do equipamento, em função das distâncias dos já existentes e do rebanho da região. As informações partem da Seagri

Falta de apoio

Arrastados pela crise financeira global de 2008 por falta de capital de giro e exposição à variação cambial, boa parte dos pequenos e médios frigoríficos reclama da falta de auxílio do governo e da política de "vencedores e perdedores" empreendida pelo BNDES no setor.

Mas os bancos que operam no segmento afirmam haver uma "clara tendência" de concentração. Alguns agentes até estimulam indústrias médias a vender o negócio antes de perder mais eficiência em cenário amplamente desfavorável a empresas sem capital e atuação cada vez mais global.

Considerando-se "preteridos" durante a operação de socorro ao setor, os frigoríficos afirmam ser obrigados a trabalhar alavancados em recursos de terceiros, além de ter margens apertadas e capacidade ociosa alta.


"Percebemos mais facilidades para uns grupos e menos para outros", diz o dono do Frialto, Tadeu Paulo Bellincanta. "Não houve boa vontade de operar conosco. Ficou patente a opção pela concentração". O Frialto, que deve R$ 564 milhões, mas faturava R$ 1,3 bilhão, pediu recuperação judicial em maio deste ano. Quatro de suas seis plantas estão paradas por falta de capital de giro. "Mas nosso patrimônio é maior que a dívida. Foi um "tropicão". Vamos sair dessa", diz Bellincanta.

O advogado Júlio Mandel, que representa o paulista Frigol, diz que a empresa pediu recuperação porque vinha enfrentando problemas de liquidez. "Eles tentaram recursos com o BNDES e com o Banco do Brasil, mas as propostas não foram aprovadas". A empresa tem unidades em Lençóis Paulista (SP), Água Azul do Norte (PA) e Pimenta Bueno (RO), e opera parcialmente. A dívida do Frigol, que fatura R$ 750 milhões, está na casa dos R$ 160 milhões.

Em março de 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou uma ajuda aos frigoríficos. Não queria que as indústrias do setor repetissem o drama da multinacional Parmalat, cuja quebra provocou desarranjo no setor lácteo, prejudicando pequenos produtores. Uma linha de R$ 10 bilhões foi criada para garantir capital de giro em um momento de retração de crédito e forte aversão a riscos.

Mas os frigoríficos médios ficaram de fora dos benefícios. Seja porque o custo do crédito era muito elevado (11,25% ao ano) ou porque as exigências de garantias reais estavam acima da capacidade do segmento. "O governo não tem uma política de apoio a esse segmento", aponta o presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar. "O auxílio que chegou não pôde ser acessado".

No governo, avalia-se como correta a política do BNDES. Muitos desses frigoríficos médios têm gestão antiga, instalações velhas e são bastante endividados, apontam fontes. Como o setor exige muito capital, escala, logística e gestão profissional, algumas empresas estariam "fragilizadas" para receber novos aportes.

Para essas fontes, a fusão da Perdigão e Sadia na Brasil Foods pode gerar novos negócios. "Um frigorífico de nicho pode surgir de mercados onde a BRF deixará de atuar", avalia um executivo. A americana Tyson Foods, única estrangeira grande no Brasil, também poderia ser beneficiada nesse novo momento do setor, pós-julgamento da fusão pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

O cenário ainda é nebuloso no setor e alguns analistas avaliam que mais frigoríficos de porte médio podem pedir recuperação judicial. Uma das razões é que enfrentam forte concorrência na compra da escassa matéria-prima e na venda da carne.

Para algumas empresas, a situação começa a se normalizar. "Fomos lá no BNDES durante a crise, mas disseram que já tinham dado muito dinheiro para frigoríficos", relembra o diretor de Controladoria do FrigoEstrela, Rubens Andrade Ribeiro Filho. O frigorífico, que deve R$ 188,4 milhões, está em recuperação desde novembro de 2008. Dos três mil funcionários, sobrou metade. "Mas já voltamos a 2,2 mil. Agora, o faturamento ainda é 70% de antes da crise", diz.

Muquém do São Francisco terá frigorífico regional

Localizado na região Oeste da Bahia, distante 729 Km de Salvador, o município de Muquém do São Francisco, detentor de grande parte do rebanho bovino do além São Francisco, terá um moderno frigorífico para atender a demanda regional.


Num empreendimento do pecuarista Jaime Oliveira do Amor, o Frijoa deverá custar ao proprietário aproximadamente R$ 10 milhões, gerando depois de pronto, 125 empregos diretos e outros 500 indiretos. O local escolhido para a instalação do frigorífico foi a Fazenda Boa Vista do Pixaim, às margens da BA 161, sentido Ibotirama/Barra, a três Km do entroncamento com a BR 242.

Com data prevista para iniciar as atividades em fevereiro de 2011, o frigorífico terá capacidade de abater 500 animais/dia, entre bovinos, caprinos, ovinos e suínos. Com mais de 30 anos dedicado a pecuária regional e investimentos em confinamento de bovinos em Muquém, o pecuarista conta com um plantel superior a 50 mil cabeças de gado.

A região em que Muquém está inserida compreende mais de 20 municípios e é detentora de um rebanho superior a 800 mil cabeça de gado, que devido a inexistência de abatedouros e frigoríficos, enfrenta sérios problemas para cumprir a portaria 304 do Ministério da Agricultura, que regulamenta o abate de bovino, caprinos e ovinos. A idéia do proprietário é abranger vários municípios, entre os principais estão: Irecê, Xique Xique, Morpará, Ibotirama, Paratinga, Sítio do Mato, Wanderley, Cotegipe, Buritirama, Muquém do São Francisco, Mansidão e Brejolândia.

Além do empreendimento pecuário na região, o empresário é proprietários de outras fazendas no litoral Norte do Estado e na região Sul da Bahia, onde cria mais de 12 mil suínos, no município de Itabuna.

Segundo Jaime do Amor, o foco principal do frigorífico será prestar serviços de abate para os pecuaristas dos municípios vizinhos. “Estamos colaborando com a saúde pública regional ao evitar que as pessoas continuem consumindo carne proveniente de abate clandestino. Nosso próximo passo será, em parceria com a Adab e o Ministério Público, promover reuniões de conscientização junto aos proprietários de açougues desses municípios. Para facilitar, estaremos praticando preços diferenciados, condizentes com a realidade regional”, concluiu o empresário rural.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

USDA: Brasil deve provar que carne não está contaminada

WASHINGTON - O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) avalia que o Brasil precisa provar que é capaz de exportar carne bovina livre do vermífugo ivermectina para que o comércio de carne processada seja retomado. "Foi um problema sistêmico no Brasil", disse Al Almanza, administrador do Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do USDA.

Almanza afirmou que o Brasil ainda não apresentou os papéis necessários para se comprometer que evitará contaminações no futuro. Recentemente, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse que o Brasil pretende retomar os embarques em breve, talvez em um mês. Mas autoridades do USDA declararam que ainda há uma série procedimentos que só podem ser realizados com os documentos do Brasil. O porta-voz do USDA Brian Mabry avisou que ainda é muito cedo para dizer quanto tempo o processo todo levaria.

Inspetores americanos encontraram a droga em produtos de carne bovina processada brasileira no mês de maio. A descoberta estimulou o USDA a testar mais produtos do Brasil e, em junho, os Estados Unidos anunciaram ter identificado o medicamento em novas amostras. O USDA solicitou recalls dos produtos importados, um deles conduzido pela companhia de importação Samco, subsidiária do frigorífico brasileiro JBS, o maior produtor mundial de carne bovina. Em seguida, o Brasil suspendeu voluntariamente as exportações de carne processada para os Estados Unidos.

Almanza declarou que, se o Brasil não tivesse interrompido as exportações voluntariamente, o USDA teria de fazê-lo. Toda a carne processada contaminada com ivermectina e que passou por recall teve origem em instalações brasileiras. Mas dados enviados do Brasil aos Estados Unidos mostraram que níveis do vermífugo considerados inaceitáveis foram identificados em muitas fábricas que embarcam produtos aos Estados Unidos.

Um porta-voz do USDA recordou que os americanos toleram 10 partes por bilhão de ivermectina, mas a contaminação da carne importada do Brasil era 65 vezes maior do que isso, com até 651 partes por bilhão. Embora não haja evidências de que a contaminação seja nociva aos consumidores - a droga pode até ser usada diretamente por seres humanos - "o USDA é diligente ao evitar resíduos indesejados na carne", de acordo com Almanza. As informações são da Dow Jones.

Recuperação: Plano do Frialto não agrada pecuaristas de MT

Para o setor, propostas de pagamento não são vantajosas.


As possibilidades de pagamento apresentadas pelo Grupo Frialto em seu Plano de Recuperação Judicial, protocolado na quinta feira, 29, na 2ª Vara da Comarca de Sinop, MT , não agradou pecuaristas de Mato Grosso. Na nota, a direção do Frialto apresenta dois cenários para o pagamento dos fornecedores estratégicos, onde estão os pecuaristas.

Na primeira hipótese a empresa retoma suas atividades sem novos financiamentos. Neste cenário, a proposta é de que após a homologação do Plano na Assembleia Geral dos Credores cada credor estratégico, cujo crédito não seja superior a R$ 25.000,00, será pago integralmente 5 dias depois; aos demais credores, 10% do saldo 35 dias depois; e 50% do saldo devedor seriam pagos em 11 parcelas mensais; o saldo restante, 40%, seria pago em 12 parcelas mensais, somando 2 anos para quitar o débito. Na segunda hipótese, o frigorifico prevê a continuidade das operações com financiamentos no valor de R$ 50 milhões. Nesse caso, após a homologação do Plano na AGC, cada credor estratégico cujo crédito não seja superior a R$ 25.000,00 será pago integralmente 5 dias depois; aos demais credores pagamento de 10% do saldo devedor 35 dias após o pagamento previsto aos que receberam integralmente; 10 dias após o desembolso do valor do financiamento, pagamento de 50% do saldo devedor; e o saldo restante pago em 11 parcelas mensais.

Para Luciano Vacari, superintendente da Acrimat, Associação dos Criadores de Mato Grosso, "a primeira proposta, não aceitamos em hipótese nenhuma, não serve para os pecuaristas. A segunda, que só acontecerá no caso de aporte de novos recursos, ainda precisamos conversar muito, pois queremos redução no prazo de pagamento e assegurar a correção monetária da dívida", pondera.

Já para o coordenador de Pecuária da Famato, Carlos Augusto Zanata, o plano não satisfaz a expectativa dos pecuaristas. Segundo Zanata, a dívida estimada do Frialto com pecuaristas de Mato Grosso é de cerca de R$ 35 milhões. A proposta do grupo não é muito vantajosa, devido os moldes do plano. "O produtor que tiver um crédito de um real a mais que os R$ 25 mil, deixa de receber em cinco dias para receber em dois anos", afirma.

A dívida do Frialto composto pelas sociedades Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos S.A., Agropecuária Ponto Alto Ltda. e Urupuá Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. é de R$ 564 milhões, sendo R$ 453 milhões com instituições financeiras, R$ 97 milhões com os pecuaristas, R$ 6 milhões trabalhista e R$ 8 milhões de frete. A paralisação das atividades do Frialto ocorreu no dia 21 de maio e a empresa protocolou o pedido de recuperação judicial na Comarca de Sinop ,MT, no dia 24 de maio. O grupo possui 8 unidades de abates em 5 Estados ( MT, MS, RO, SP, GO). Em Mato Grosso são 3 plantas, localizadas em Nova Canaã do Norte, Matupá e Sinop , e uma planta em construção em Tabaporã.

Abates de bovinos crescem 11% no primeiro semestre

Foram abatidos 2,23 milhões de cabeças contra 2 milhões em 2009


MARCONDES MACIEL




O volume de abates de bovinos, em Mato Grosso, encerrou o primeiro semestre do ano com incremento de 11,11% em relação a igual período do ano passado. Este ano, segundo levantamento do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea/MT), o Estado abateu 2,23 milhões de cabeças, contra 2 milhões no primeiro semestre de 2009, incremento de 223 mil animais no período.

No mês de junho, o volume abatido no Estado foi de 354 mil cabeças, representando recuo de 9,5% em relação ao mês passado, quando foram abatidos 323 mil animais. Os números foram divulgados nesta segunda-feira (02-08) pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), que atribui o recuo, entre outros fatores, ao fechamento de plantas frigoríficas no Estado.

A variação no primeiro semestre do ano apresenta elevação quando comparada apenas o abate de machos, com 1,41 milhão de cabeças este ano. O abate desses animais registrou incremento de 17,90%. Já as fêmeas obtiveram, no primeiro semestre, um total de 820 mil cabeças, representando alta de 1%. Com esses números, o percentual de fêmeas abatidas este ano em Mato Grosso ficou em 37%.

Já os embarques de carne bovina in natura de Mato Grosso, no mês de junho, acumularam 17,70 mil toneladas. No primeiro semestre de 2010, as exportações in natura totalizaram 86,4 mil toneladas. A rota de embarque mais utilizada foi o porto de Santos (SP), pelo qual foram exportadas 59,8 mil toneladas (69,30% do total), seguido dos portos de Paranaguá (PR), representando 18,8 mil toneladas e, Itajaí (SC), com 5,9 mil toneladas. A participação dos portos de Itajaí e Paranaguá obteve um avanço de 1,06% e 1,86% se comparado com a média do ano anterior, enquanto Santos registrou uma diminuição de 1,60%. Segundo o Imea, a maior parte dos embarques da carne mato-grossense continua acontecendo via porto dos Santos, apesar da queda vista na comparação com a média do volume exportado no ano passado.

COTAÇÃO – Levantamento do Imea mostra o diferencial de base entre a cotação da arroba do boi gordo negociado em São Paulo e Mato Grosso, o spread, que encerrou o mês de julho com R$ 9,48 a arroba, superando o mês anterior. O spreed - diferença entre o preço de compra (procura) e venda (oferta) - iniciou o ano em R$ 8,12/arroba e variou de forma inconstante, apesar de se observar tendência de alta no preço das duas praças.

No mês passado, o spread continuou a tendência de alta iniciada em maio devido à evolução nos preços da arroba em São Paulo, que demonstrou alta de 2,54% no mês anterior. O motivo da melhora no preço desta praça é a diminuição de oferta do boi.

Mesmo com o incremento observado desde o mês de maio, quando o spread chegou aos R$ 7/arroba, a média do ano ficou em R$ 8,11/arroba, permanecendo abaixo da média do ano passado, que registrou R$ 11,20/arroba.

O boi gordo comercializado encerrou a semana passada com o preço médio de R$ 73,80/arroba, no pagamento à vista, com incremento de 0,46% relação à semana anterior. Seguindo a tendência, a vaca gorda terminou sendo negociada a R$ 68,32/arroba à vista, demonstrando evolução de 0,52% em relação à semana passada.

Por região, a centro sul foi a que apresentou o melhor preço médio ao produtor, encerrando a semana com a arroba do boi gordo cotada a R$ 76,06. Em seguida, aparecem a região oeste, com cotação de R$ 75,92/arroba, sudeste (R$ 75,08), médio norte (R$ 73,07), nordeste (R$ 72,53), noroeste (R$ 72,05) e, norte, R$ 71,45/arroba.

Reunião semanal da BGA-RJ de formação de preços

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Produtores criticam boicote de frango


Depois do sucesso do Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio) contra os Estados Unidos no caso do algodão, os produtores de frango se sentiram fortalecidos para entrar com um painel (processo) contra a UE (União Europeia). Na próxima semana, a Ubabef (União Brasileira de Avicultura) enviará documentos ao Itamaraty solicitando uma posição dura do governo brasileiro contra o bloco econômico, que alterou a legislação sobre o conceito de carne fresca de frango e suas preparações. Com isso, a UE restringiu o uso da carne congelada brasileira, quando praticamente 100% da sua importação é de aves congeladas.
Para o presidente da Ubabef, Francisco Turra, este é o último recurso para tentar derrubar as barreiras. "Só com painel a União Europeia entenderá nosso problema", disse. Há duas semanas, Turra expôs a insatisfação do setor durante seminário Brasil-União Europeia, realizado em Brasília. Na ocasião, ele se mostrava cético quanto a um possível avanço nas negociações, mas aguardava pelo menos uma sinalização positiva, o que não ocorreu.
Além de alterar as definições sobre carne fresca, a UE também proibiu, de acordo com a Ubabef, a utilização de carne salgada de frango nas preparações. Essas mudanças significam uma barreira de 200 mil toneladas de carne de frango brasileira por ano na Europa, o que equivale a US$ 450 milhões.
Outra iniciativa que limitará o acesso do frango brasileiro na UE, de acordo com Turra, é a elevação da tarifa de importação para oito linhas de carne de frango.
O Brasil é hoje o maior exportador dessa carne no mundo, atuando em 153 mercados. Até 2008, o maior importador era o bloco europeu, responsável por compras anuais de 525 mil toneladas. Em 2009, a Arábia Saudita assumiu a posição de maior importador de carne de frango do Brasil.

Pilgrim's Pride registra queda de 38% nos lucros

A produtora norte-americana de frangos Pilgrim' s Pride, cujo controle foi adquirido pelo grupo brasileiro JBS no fim de 2009, apresentou um recuo anual de 38,1% em seu lucro líquido no segundo trimestre, que atingiu US$ 32,9 milhões entre abril e junho deste ano, com ganho de US$ 0,15 por ação. No segundo trimestre de 2009, a companhia havia reportado ganho de US$ 53,2 milhões (US$ 0,72 por ação).

A empresa também anunciou queda de 4% em sua receita, que atingiu US$ 1,7 bilhão durante o período de três meses encerrado em 27 de junho - resultado abaixo das previsões de analistas de mercado.

O presidente e chefe-executivo da empresa, Don Jackson, disse estar cautelosamente otimista sobre os fundamentos da indústria que se dirigem para o segundo semestre do ano, com uma estimativa de alta da produção em 2,7% este ano. "Isso ainda está bem abaixo dos níveis pré-crise de 2008 (...)", disse o executivo. "Baseado no fornecimento atual em todas as três proteínas da carne, acredito que a indústria continuará relativamente forte. Em geral, os clientes parecem estar otimistas, e acredito que veremos um maior apoio dos preços de frango".

No primeiro semestre de 2010, a companhia registrou perda de US$ 12,6 milhões - 129% acima do prejuízo de US$ 5,5 bilhões apresentado nos primeiros seis meses de 2009 - e receita de US$ 3,4 bilhões, 3% inferior à receita de US$ 3,5 bilhões registrada há um ano.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) no primeiro semestre somou US$ 187,1 milhões, queda de 31,8% na comparação com o ganho de US$ 246,7 milhões registrado nos primeiros seis meses de 2009.

A matéria é de Daniela Braun, publicada pelo Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

Mercado

Segundo informações recebidas o contra file e o alcatra foram negociados a R$ 10,20 kg a prazo na ultima sexta-feira.

Brasil negocia com a Rússia corte de tarifas na venda de carne

O Brasil negocia com a Rússia a redução das tarifas de importação impostas às vendas de carnes bovina, suína e de frango. As autoridades brasileiras, que tratam de subsídios e o comércio de açúcar e café, também tentam um acordo para elevar cotas de importação, compartilhar a administração do sistema ao Brasil e baixar alíquotas sobre essas vendas privilegiadas.

Os negociadores realizaram, sexta-feira, teleconferência para ajustar o foco desses entendimentos bilaterais, o que deve permitir à Rússia ingressar na Organização Mundial do Comércio (OMC). Os russos disseram que ainda não avançaram nas negociações com seus principais parceiros comerciais, a União Europeia e os EUA. Mesmo assim, iniciaram sondagens para identificar as reivindicações brasileiras.

O setor privado nacional tem pressionado o governo a forçar uma redução das tarifas e acabar com o favorecimento a EUA e UE nas cotas fixadas por Moscou. Mas alguns empresários não descartam aceitar uma ampliação "substantiva" das cotas, desde que tenham alíquotas mais baixas. As cotas para o Brasil têm sido reduzidas e divididas com outros países enquanto UE e EUA mantêm grandes cotas específicas.

Para entrar na Rússia, a carne bovina do Brasil paga 15% na cota limitada a 73 mil toneladas e 40% no extra-cota. No frango, a cota é de 25% para apenas 12,4 mil toneladas e 95% fora. Em suínos, os russos cobram 15% na cota de 177 mil toneladas e 95% no extra-cota.

Em público a negociação é tratada como uma "retomada" nas relações comerciais. "É um ponto de partida porque havia uma indefinição sobre as negociações em razão da união aduaneira da Rússia, Cazaquistão e Bielorrúsia", informou o diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Márcio Cozendey. "Mostramos que estamos engajados na discussão e repassamos alguns pontos. Eles deram respostas intermediárias, dizendo que o governo russo está dividido entre os que acham melhor manter cotas e outros que querem avançar mais", disse. Um ponto central ao Brasil, segundo o diretor, é a redução dos subsídios agrícolas russos de US$ 9 bilhões. 

Frialto entrega plano de recuperação judicial

CUIABÁ - O Grupo Frialto, composto pelas empresas Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos S.A., Agropecuária Ponto Alto Ltda. e Urupuá Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. protocolou ontem, na 2ª Vara da Comarca do município de Sinop (MT), seu pedido de recuperação judicial.

Segundo o escritório Felsberg e Associados, as ideias do plano estão alinhavadas e a intenção é pagar os pecuaristas no menor prazo possível. Uma das hipóteses seria o pagamento em 12 meses. A partir da entrega do plano, os credores irão apresentar objeções no Fórum em Sinop e o Frialto terá 150 dias para convocar a assembleia, que ainda não tem data prevista, segundo os advogados.

Em reunião recente com representantes dos criadores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o Frialto revelou que sua dívida é de R$ 564 milhões, sendo R$ 453 milhões com instituições financeiras, R$ 97 milhões com os pecuaristas, R$ 6 milhões com assuntos trabalhistas e R$ 8 milhões com frete. A companhia suspendeu suas atividades em 21 de maio e protocolou o pedido de recuperação judicial no dia 24.

SIF atesta qualidade de produtos de origem animal

Carnes, presunto, salsicha, manteiga, leite e derivados, mel, peixe e enlatados. Todos os produtos de origem animal comercializados devem ter garantia de qualidade estampada nos rótulos para serem comercializados. O selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) identifica os alimentos com procedência conhecida, registrados e inspecionados pelo governo. 
Hoje, cerca de 3.600 estabelecimentos funcionam sob a supervisão do Serviço de Inspeção Federal, sendo 819 habilitados a exportar. Mais de 900 fiscais agropecuários do Mapa inspecionam e supervisionam empresas do setor. Outros 250 veterinários credenciados completam o quadro fiscal. O trabalho deles é essencial para permitir que a carne brasileira seja exportada para mais de 140 países, inclusive para mercados altamente exigentes em relação à qualidade dos produtos, como os Estados Unidos, a Rússia e o bloco da União Europeia.
“A nossa missão é, em qualquer circunstância e com total dedicação, defender a saúde e os interesses dos consumidores, tanto do mercado interno, como dos importadores de nossos produtos. Devemos ser conscientes da nossa função: os produtos e as matérias-primas que representam perigo para a saúde, ou que não atendem aos interesses dos consumidores, devem ser destruídos ou desviados do consumo”, explica Djalma Atanásio da Silva, médico veterinário e fiscal federal agropecuário que presta serviços no Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Mapa (Dipoa) desde 1973. Ele atua em estabelecimentos de produtos de origem animal, como os de abate e de transformação, que compõem a cadeia produtiva do setor.
Histórico - O primeiro regulamento para produtos de origem animal foi instituído em 1915, durante a primeira guerra mundial. O Brasil começava a produzir e exportar carne para países aliados, quando frigoríficos ingleses e norte-americanos trouxeram técnicas mais modernas de produção para o território brasileiro.
O Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitário de Produtos de Origem Animal (Riispoa) vigora desde 1952. A norma consolidou toda a legislação específica, reunindo novas atividades fiscais nas áreas de pescado, ovos, mel e cera de abelhas e recebeu a última alteração em 1996. O Riispoa estabelece a responsabilidade da fiscalização também para estados e municípios, pelo Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e o Serviço de Inspeção Municipal (SIM) para produtos fabricados e comercializados nos estados ou municípios. 
Requisitos - Para o diretor do Dipoa, Nelmon Oliveira da Costa, quando um frigorífico pede registro no Serviço de Inspeção Federal, é obrigado a apresentar as plantas de instalação e a comprovar fluxo de trabalho compatível com o produto a ser fabricado. Existe um regulamento técnico de identidade e qualidade para cada tipo de produto. “Se a empresa solicita um registro para a categoria de matadouro, temos normas individuais para abate de bovinos, suínos e aves. Também foram feitas adaptações para abate de avestruz e outros animais exóticos, como tartaruga”, explica.
As normas estabelecem as matérias-primas a serem utilizadas, os aditivos que podem ser acrescentados a cada categoria de alimento, entre outras obrigatoriedades. “A autorização para o comércio do produto é concedida depois da análise dos requisitos básicos de interesse do consumidor, como denominação de venda, prazo de validade, data de fabricação e condições de conservação (especificação de temperatura para produto resfriado ou congelado)”, informa Nelmon Costa.
Após a aprovação do pedido, inicia-se o processo de produção, acompanhado e monitorado pelos fiscais do SIF. “O responsável pela qualidade e inocuidade do produto é o fabricante. Essa atribuição está muito bem definida no Código de Defesa do Consumidor”, afirma o diretor do Dipoa. Segundo ele, o Ministério da Agricultura, por meio do Serviço de Inspeção Federal (SIF), compartilha essa responsabilidade, supervisiona, audita ou inspeciona o estabelecimento.
Suasa - Recentemente, e com o objetivo de impor um padrão nacional de qualidade da inspeção sanitária, foi criado o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa). Coordenado pelo poder público, controla atividades de saúde, sanidade, inspeção, fiscalização, educação, vigilância animal, vegetal, insumos, produtos e subprodutos de origens animal e vegetal.
O Suasa integra o Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi/Poa), que objetiva harmonizar e padronizar os procedimentos de inspeção e fiscalização dos produtos de origem animal no País. O Ministério da Agricultura, por meio do SIF, coordena o Sisbi/Poa.

domingo, 1 de agosto de 2010

Frigorífico Frigol pede recuperação judicial

Com dificuldades financeiras, empresa segue os passos de grupos como Independência e Frialto
A lista de frigoríficos em dificuldades financeiras está cada vez mais extensa. Ontem, o Frigol, do interior de São Paulo, entrou com um pedido de recuperação judicial. Trata-se de uma espécie de prazo que a empresa solicita à justiça para pagar suas dívidas antes que sua falência seja decretada.
O Frigol é um frigorífico de porte médio, com capacidade para abater 2,7 mil bois por dia e que gera 1,5 mil empregos diretos. A empresa está entre as 10 maiores do setor, mas distante dos gigantes JBS e Marfrig.
O perfil da companhia é parecido ao de outros frigoríficos que enfrentam dificuldades ou fecharam as portas. Entre os casos recentes estão Pantanal, Independência, Margen, Arantes, Frigoestrela e Frialto.
Também ontem , o grupo Frialto entregou à Justiça do Mato Grosso o seu plano de recuperação judicial. A empresa revelou que sua dívida é de R$ 564 milhões - R$ 453 milhões com os bancos e R$ 97 milhões com os pecuaristas, entre outros. O Frialto anunciou o pedido de recuperação judicial em maio.
O Frigol ainda não revelou o montante de suas dívidas. O diretor e sócio da empresa, Djalma de Oliveira, não quis dar entrevista. O frigorífico paulista produzia 200 mil toneladas de carne bovina por ano e exportava para diversos países. A companhia possui três unidades de abate: Lençóis Paulista, no interior de São Paulo, onde está a sede da companhia, Água Azul do Norte, no Pará, e Pimenta Bueno, em Rondônia. Essa última foi inaugurada em janeiro.
Segundo fontes do setor, o Frigol estava atrasando o pagamento dos fornecedores, mas, mesmo assim, a notícia pegou pecuaristas e concorrentes de surpresa. "Não entendo as razões disso. O Frigol sempre foi uma empresa sólida e com boa gestão", disse Péricles Salazar, presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo).
Uma fonte ligada à companhia disse ao Estado que os dirigentes do Frigol fizeram uma peregrinação pelo governo federal em busca de crédito para reerguer a empresa. Bateram em todas as portas: BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Mas não tiveram sucesso.
A crise global secou os fluxos de crédito privado para o setor de frigoríficos e o Frigol começou a enfrentar dificuldades para organizar seu fluxo de caixa. Nos últimos dois anos, a empresa trabalhou com margens de lucro reduzidas. Tenta conseguir crédito há 14 meses.
BNDES. Os frigoríficos menores estão reclamando da concentração de recursos do BNDES em poucas empresas. Nos últimos quatro anos, o banco estatal investiu R$ 18,5 bilhões no setor em compra de participação e empréstimos. Mas a maior parte do dinheiro foi direcionado ao processo de internacionalização do JBS e do Marfrig.
Segundo o analista da FNP Consultoria, José Vicente Ferraz, o gigantismo dessas empresas está provocando um "desequilíbrio no setor". Ele explica que o gado está "escasso" no campo e os pecuaristas preferem vender seu boi para as grandes empresas.
Apesar do crescimento do mercado interno e das boas perspectivas para o futuro, o setor de carne bovina enfrenta dificuldades desde a crise. A turbulência pegou as empresas alavancadas e fortemente endividadas, após tomarem diversos empréstimos para projetos de expansão.