segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Vantagem paulista

A opção por São Paulo se dá devido à minimização dos custos advindos das vantagens do estado. Segundo Juliana, que desenvolveu o modelo em sua tese de doutorado pela Escola Superior Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, uma das vantagens do Estado é a proximidade com o porto de Santos. “O porto é o maior exportador de carne bovina no Brasil. Mesmo com seus problemas, ele ainda tem a melhor infraestrutura”, comenta. A pesquisa Modelo locacional dinâmico para a cadeia agroindustrial da carne bovina brasileira foi orientada pelo professor José Vicente Caixeta Filho, do Departamento Departamento de Economia Administração e Sociologia da Esalq.


A economista destaca que o porto de Santos, apesar de apresentar o maior custo portuário, tem mais contêineres e melhor infraestrutura para refrigeração da carne, o que é essencial para não se desperdiçar o produto quando ele se encontra no porto.

Assim, com a localização do frigorífico mais próxima ao porto acaba sendo mais econômico em termos de custos de transporte da carne. Tanto o transporte da carne bovina até os portos como o transporte da matéria-prima até os frogoríficos são feitos atualmente, preponderantemente, pelo transporte rodoviário.

Outra vantagem de São Paulo é sua grande população, o que beneficia o aproveitamento da carne remanescente. “Nem toda carne bovina produzida é destinada aos mercados externos, parte remanescente é destinada aos mercados internos para consumo, no qual o município de São Paulo se destaca.”

A pesquisa também detalhou outros aspectos, todos visando as melhores condições de custo e logística da exportação do produto, considerando o transporte e a instalação dos frigoríficos. No modelo, Juliana mostra que não são necessários muitos frigoríficos para se atender ao mercado externo. “Seriam suficientes 15 frigoríficos para se atender a demanda externa. Hoje, no Brasil, temos por volta de 29 frigoríficos habilitados à exportação nos moldes considerados no modelo, mas não sei se todos esses estão de fato exportando”. Destes 15, nove deveriam estar instalados no estado de São Paulo, segundo o modelo.

Custo total e cenários

Após estudar as melhores condições para a exportação da carne bovina, o modelo sugeriu um custo total mínimo de R$2,3 bilhões, dos quais 76,3% foi devido ao custo de instalação dos frigoríficos. Em seguida, vem os custos com o transporte aos mercados externos, feito majoritariamente por vias marítimas.

Esses dados se referem a um primeiro cenário, no qual foram considerados os dez principais estados exportadores da carne bovina desossada congelada brasileira. Depois, o modelo desenvolvido considerou mais três cenários. No segundo, foram considerados os seis principais estados exportadores de carne bovina, excluindo-se os estados que fazem parte da Amazônia Legal, “porque muitos países são mais exigentes quanto a procedência da carne bovina”, justifica Juliana.

O terceiro e quarto cenários levaram em conta quais frigoríficos-abatedouros já instalados no País deveriam ser responsáveis pelo abastecimento dos mercados externos. Ambos consideraram as localizações atuais dos frigoríficos existentes nos seis principais estados exportadores do produto. Porém, o último cenário refere-se à projeção para 2015, com aumento de demanda externa futura por carne bovina brasileira.

Independentemente dos cenários, o Estado de São Paulo apareceu no modelo como principal localização dos frigoríficos que visam primordialmente o mercado externo.

Agência USP