segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

JBS-Friboi implanta venda direta de carne em Cáceres

Vinte e uma vans do grupo JBS-Friboi adaptadas como “mini-açougues” entram em operação em Cáceres a partir deste mês. Cada açougue ambulante terá como ocupantes duas mulheres: uma na direção, outra para cuidar da entrega em todos os bairros e distritos, atingindo ainda a sede do município de Curvelandia -– distante 60 quilometros.
O sistema de venda direta de carne aos consumidores já foi implantado pela Friboi em cidades grandes e médias do interior paulista e visa reduzir o preço do produto sem a intermiação dos açougueiros.
Há dois meses a JBS, que controla o único frigorifico da cidade, efetuou o cadastramento de parte dos consumidores, ofertando-lhes várias formas de pagamento, inclusive boleto bancario sem consulta ao SPC/Serasa, além de cartão de crédito exclusivo.
A inovação está gerando expectativas entre os consumidores habituados a comprarem carne em açougues. Por outro lado, os comerciantes que atuam na revenda de carne bovina a retalho estão preocupados com a novidade.
Para esses pequenos empresários -- cerca de 110 -- assim como para os donos de supermercados que possuem área reservada para venda de carnes, o frigorifico estaria levando ao pé da letra o ditado muito usual entre os pecuaristas: “Do boi, os donos de frigoríficos só não apoveitam o berro”.
Um grupo já se opõe abertamente aos métodos do JBS em Cáceresres, os chamados "gaioleiros", porque são o frigorifico praticamente impôs o monopólio na area de transporte do gado a ser abatido e não mais utiliza a frota de caminhões-boiadeiros.
Uma das principais questões levantadas pelos opositores de processo de venda direta está relacionada ao desemprego que o novo sistema provocaria imediatamente na cidade. Todos açougues espalhados pelos bairros e distritos serão forçados a reduzir o número de empregados.
Dentre os donos de açougues e supermercadistas há um sentimento de revolta após tomarem conhecimento de que o atual prefeito, Túlio Fontes (DEM), autorizou o serviço -- sem consultá-los -- após reunião com a direção do frigorifico em Cáceres.
Um açougueiro, que prefere não ter seu nome citado, ironiza dizendo que esse projeto não tem como sobreviver em Cáceres. De acordo com ele é alto o indice de inadimplentes na cidade. “Aqui tem cardeneta de 1992, que até hoje um sujeito conhecido não pagou. Imagine essa gente recebendo carne na porta da casa sem consulta aos orgãos de proteção ao crédito. Tem caloteiro que irá fazer churrasco de picanha todos os dias”, previu.
Outro comerciante que opõem a implantação da venda direta prefere citar trecho da Bíblia que narra a passagem na qual o escravo hebreu José previu que o Egito passaria sete anos de vacas gordas e em seguida sete anos de vacas magras.
“Nós vamos viver literalmente esse termo do Velho Testamento, preparem-se para os meses de vacas magras” observou o dono de açougue situado próximo à Praça da Feira.
O municipio de Cáceres tem cerca de 90 habitantes é apontado pelo Instituto de Defesa Agropecuaria (INDEA) como detentor do maior rebanho bovino de Mato Grosso, com cerca de 1,2 milhão de cabeças.