terça-feira, 23 de novembro de 2010

Suspeita de caso de vaca louca em SP é descartada

A Secretaria de Saúde de Campinas (SP) informou na última sexta, dia 19, que a principal hipótese diagnóstica para o caso do homem de 58 anos internado no Hospital Beneficência Portuguesa da cidade com suspeita de ter a Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é a forma clássica esporádica da doença, ou seja, uma mutação neurológica e degenerativa que afeta o sistema nervoso central, e não a variante conhecida como mal da vaca louca.


Segundo informou o secretário de Saúde, José Francisco Kerr Saraiva, trata-se de uma doença clínica e epidemiologicamente distinta da variante chamada de doença da vaca louca. De acordo com informações do médico neurologista José Claret Silva Abreu, da Secretaria de Saúde de Campinas e do Hospital Beneficência Portuguesa, a hipótese provável é a de que o paciente esteja com a doença priônica. "É uma mutação tardia que leva à alteração da estrutura de uma proteína. Acomete, na maioria dos casos, pessoas com mais de 50 anos e manifesta-se inicialmente com demência", disse o médico.

A enfermeira sanitarista Brigina Kemp, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Campinas, informou que a DCJ na forma clássica é de baixa prevalência. A incidência média é de um caso da doença a cada 1 milhão de habitantes por ano. "Esta doença não é contagiosa e não se transmite no convívio cotidiano", disse Brigina.

A médica veterinária Andréa von Zuben, da Vigilância em Saúde de Campinas, afirmou que no Brasil não há, nem nunca houve, transmissão do mal da vaca louca em bovinos ou humanos. A transmissão da doença da vaca louca para o homem ocorre quando há ingestão de carne ou tecido de origem animal infectados. Segundo a profissional de saúde, no mundo houve registro de pouco mais de 200 casos em humanos, nenhum com vínculo epidemiológico no Brasil.

Além da manifestação de alguns frigoríficos - negando que tenha havido algum caso do mal da vaca louca no Brasil - a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também afirmou que não há casos da doença no país e, dificilmente, a doença seria detectada, tendo em vista o rigoroso padrão adotado na produção nacional.

O presidente da entidade, Antonio Jorge Camardelli, comentou a suspeita da doença, notificada em 12 de novembro, em paciente internado na Beneficência Portuguesa, em Campinas. "O Brasil nunca teve e dificilmente terá casos de vaca louca. Isso porque existe um controle extremamente rígido tanto na produção de carne quanto no risco e diagnóstico da doença" afirmou o executivo.

Camardelli ressaltou que o governo brasileiro tem um sistema de fiscalização "profissional e estruturado" para evitar o surgimento da doença no país. A inserção de ração para bovinos com ingredientes de origem animal, principal fonte de transmissão da EBB, é proibida pela Instrução Normativa nº 08/2004, do Ministério, e pela Lei Estadual nº 3.823/09. E, desde 2006, o ministério proibiu o uso da proteína e da farinha de carne e ossos proveniente de ruminantes na alimentação desses animais como forma de evitar a aparição da doença. "Nos frigoríficos com inspeção federal, associados à Abiec, existe a obrigatoriedade da destruição de material de risco. Inclusive a destruição é controlada, pois tem que seguir regras do trinômio: temperatura, tempo e pressão" explica o presidente da entidade.

A matéria é de Tatiana Favaro, da Agência Estado, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.