quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Frigorífico de iranianos inicia os abates em Fernandópolis

O Frigorífico Boifrig, em Fernandópolis, que foi arrendado por um grupo de empresários iranianos, reiniciou ontem o abate de bois com escala diária de 200 animais. Segundo um dos sócios proprietários, Mohammad Ahmadi, quando o frigorífico estiver operando com capacidade máxima vai adquirir o equivalente a R$ 2 milhões em gado por dia. O Boifrig pretende atender o marcado interno e fazer abate pelo método halal para exportar carne bovina para o Irã.

Ahmadi afirmou que completou-se em janeiro um ano que a planta frigorífica foi arrendada. A unidade industrial pertence ao Grupo Mozaquatro, foi arrendada pelo frigorífico IFC, depois pelo Estrela Alimentos e em seguida para o Arantes Alimentos. Em janeiro de 2010, o grupo iraniano manifestou interesse e arrendou as instalações.

Desde então, os novos arrendatários das instalações fizeram os ajustes necessários e conseguiram as licenças e documentação para voltar a legalidade, inclusive a habilitação no Siscomex para operar no mercado internacional. “Agora, está tudo legal”, afirmou Ahmadi em um português ainda carregado de sotaque. Ele afirmou que a meta é abater entre 700 e 800 cabeças de gado por dia, destinando metade da produção para o mercado doméstico brasileiro e metade para a exportação, inicialmente para o Irã. “Temos de exportar 16 mil toneladas em sete meses.”

Para atender à demanda, Ahmadi afirmou que empresa vai ampliar o quadro de 250 para 600 empregados. O empresário disse que conta com um chefe de abate iraniano que vai orientar a execução do método halal, que segue orientação da religião muçulmana. Ahmadi explicou que o Irã aceita apenas a importação de carne de machos bovinos. Atualmente, o Boifrig conta com uma relação de 100 fornecedores de gado que pretende ampliar para atender as necessidades da unidade industrial.

Por conta de atrasos e falta de pagamento em ocasiões anteriores, os pecuaristas estão condicionando a venda dos animais ao pagamento à vista. O Sindicato Rural de Fernandópolis está orientando os pecuaristas da região a vender o gado somente com pagamento imediato. Segundo o presidente da entidade, Marcos Mazeti, os pecuaristas receberam a terceira parcela do Plano de Recuperação Judicial em janeiro e o pagamento do arrendamento teria contribuído com isso. Ele afirmou que existe uma expectativa positiva entre os criadores pelo fato de existir mais um frigorífico comprando gado na região.

De acordo com a Central Islâmica Brasileira de Alimentos Halal (Cibal Halal), “halal” significa “lícito”, permitido ao consumo humano, legal. O princípio obedece a jurisprudência islâmica e é aplicado a vários tipos de alimentos. Por este método, o abate deve ser feito o mais rápido possível para que o animal tenha uma morte rápida. Dentre outros preceitos, o halal exige que o animal abatido tenha completo esgotamento do sangue.