quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Brasil pode fazer recuar presença de carne americana no mercado de carne russo


Para atender às exigências do lado russo, Brasil impôs uma proibição temporária ao uso de ractopamina na alimentação de animais. Muito provavelmente, os brasileiros vão aproveitar a oportunidade para fazer os EUA recuar no mercado de carne russo. O Canadá também se declarou disposto a observar o novo regulamento veterinário do país.

Brasil pode fazer recuar presença de carne americana no mercado de carne russo
Foto: Kommersant
















Brasil e Canadá reagiram de forma a se adequar à decisão da Rússia de aumentar o controle sobre a importação de carne, ao contrário dos EUA, que a entendem como retaliação à Lei Magnitski. Para atender às exigências do lado russo, o Brasil impôs uma proibição temporária ao uso de ractopamina na alimentação de animais. Muito provavelmente, os brasileiros vão aproveitar a oportunidade para fazer os EUA recuar no mercado de carne russo. O Canadá também se declarou disposto a observar o novo regulamento veterinário do país.

Na última sexta-feira (7), o Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) declarou que iria apertar o controle sobre as importações de carne produzida pelas empresas que utilizam a ractopamina. Esse aditivo nutricional é proibido nos países da União Aduaneira (Rússia, Bielo-Rússia, Cazaquistão), sendo, porém, amplamente utilizado no Brasil, EUA e Canadá como promotor de crescimento dos suínos e bovinos.

As autoridades brasileiras atenderam à posição russa e impuseram uma proibição temporária ao uso de ractopamina. Segundo a agência Reuters, a proibição, que entrou em vigor em novembro, vale também para os demais betaloqueadores utilizados pelas empresas de carne para estimular o ganho de peso nos animais.

“A medida terá validade até que as autoridades brasileiras competentes tenham pronto um sistema de divisão da produção de carne para separar a carne destinada ao consumo interno e à exportação para os países onde os aditivos em causa são permitidos das carnes destinadas aos países onde a ractopamina é proibida”, disse Carlos Mota, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil.

No outono deste ano, o Rosselkhoznadzor havia informado as autoridades competentes brasileiras que iria reduzir o acesso de carne brasileira ao mercado russo se as empresas do Brasil não deixassem de usar a ractopamina na produção de carne.

Especialistas não descartam a hipótese de o Brasil tentar aproveitar essa ocasião para fazer os EUA recuar no mercado russo.

"Hoje, há uma boa chance de fazê-lo", acredita o porta-voz do Rosselkhoznadzor, Aleksêi Alekseenko.

Após a publicação da decisão do Rosselkhoznadzor, alguns especialistas americanos acusaram a Rússia de violação das regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) e pediram às autoridades russas para reabrirem seu mercado à carne americana, afirmando que, caso contrário, as exportações de carne americana para a Rússia poderiam parar.

De acordo com a ANCR (Associação Nacional de Carne da Rússia), das 258,6 mil toneladas de carne suína trazidas para a Rússia em nove meses de 2012, 83,5 mil toneladas foram de origem brasileira, cabendo ao Brasil o segundo lugar entre os principais países exportadores de carne para o país.

Além disso, das 240,3 toneladas de carne bovina importadas pelo país, 184,7 mil toneladas foram de origem brasileira.

Compare-se: as importações com origem nos EUA totalizaram 56,8  mil toneladas de carne suína e 32,3 mil toneladas de carne bovina.

O Canadá também se declarou disposto a obedecer ao regulamento da vigilância veterinária russa. De acordo com o presidente da comissão executiva da ANCR, Sergêi Iuchin, a Associação Canadense de Exportadores de Carne Suína enviou à sua par russa uma carta em que garante que quase 50% dos suínos do país não têm mais em sua dieta a ractopamina. As empresas de carne canadenses não vão demorar a se adaptar às exigências das autoridades competentes russas, garante a Associação canadense.

A reação do México, outro importante fornecedor de carne bovina à Rússia, ainda é desconhecida.

Para a versão completa do artigo em russo, acesse: http://www.rbcdaily.ru/2012/12/12/market/562949985311754