segunda-feira, 8 de junho de 2009

Abate humanitário será qualificado no País

A partir de 2012, a União Europeia, considerada o principal mercado da carne bovina brasileira, colocará em vigor uma série de normas referentes ao bem-estar animal e que deverão ser cumpridas pelos países exportadores. De olho nessa demanda, o Ministério da Agricultura lançou recentemente o Programa Nacional de Abate Humanitário (Steps), que irá possibilitar uma maior qualificação dos fiscais federais, estaduais e municipais que atuam em frigoríficos. A qualificação dos processos será importante não só para melhorar o manejo com os animais, mas também pelo fato de a Europa se mostrar disposta a remunerar melhor quem produz com ênfase no bem-estar animal. "O Steps vai beneficiar toda a cadeia produtiva. Com padrões mais elevados de bem-estar animal, haverá menos perdas e mais oportunidades de mercado", avalia a gerente de Animais de Produção da WSPA Brasil, Charli Ludtke. O supervisor da WSPA Brasil, José Panim Ciocca, destaca que, além da pecuária de corte, o treinamento também é voltado para suínos, aves e bovinos e terá como foco temas como comportamento animal, qualidade da carne, transporte, manejo, contenção e formas de insensibilização. "Vamos orientar os fiscais desde o desembarque dos animais nos frigoríficos até a sangria", explica. Apesar de muitos frigoríficos em todo o País obedecerem às normas de abate, alguns estabelecimentos, especialmente os pequenos, ainda se valem de técnicas não recomendadas, como no caso do uso de marretas para insensibilizar bovinos. A técnica mais moderna é a que utiliza uma pistola pneumática que deixa o animal inconsciente instantaneamente. No abate humanitário, o animal é contido individualmente, para facilitar a insensibilização. O ideal é que de cem animais atordoados, 95% sejam insensibilizados na primeira tentativa. "A proposta é minimizar o sofrimento e garantir a qualidade do produto final", diz Charli. Ela explica que as situações de estresse a que os animais são submetidos durante o manejo causam alterações na carne. "A carne bovina fica escura, firme e seca. As carnes suína e de frango ficam pálidas, moles e soltam muita água", disse. O diretor-executivo do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussale, elogia a iniciativa e destacou que os frigoríficos gaúchos já praticam o abate humanitário há algum tempo, com cuidados no manejo desde o brete até o transporte. O programa tem financiamento para cinco anos e a capacitação levará em conta critérios comerciais e legislativos referentes a bem-estar animal. A meta é capacitar este ano profissionais de 170 frigoríficos de Santa Catarina. Depois, o curso se estenderá para São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
Fonte: por Ana Esteves - Jornal do Comércio