quinta-feira, 17 de setembro de 2009

JBS compra a Pilgrim's nos EUA

Batista negocia recursos para pagar a Pilgrim's; BNDES pode participar

São Paulo e Rio de Janeiro, 17 de Setembro - Para financiar a aquisição da Pilgrim's Pride, a JBS está negociando uma capitalização por meio de uma emissão privada de US$ 2,5 bilhões pela JBS USA. A empresa diz que a compra não está condicionada a esse aporte e que o objetivo, com a capitalização, é manter a sua alavancagem, hoje em 2,6 vezes (dívida líquida sobre lajida). A operação resultará em uma participação de, no máximo, 26,3% do capital da JBS USA pós capitalização. Joesley Batista, presidente da JBS, disse que está buscando interessados em participar da emissão e não descartou que seja formado um fundo de investimentos em participações (FIP) com esse fim. Fontes do setor afirmam que o BNDES pode participar da emissão privada da empresa nos Estados Unidos. Questionado, Batista afirmou que o apoio do BNDES é bem-vindo. O banco, por meio da BNDESPar, já tinha 19,4% do capital da JBS (considerando participação direta e indireta). Na Bertin, com a qual a JBS acaba de se fundir, a participação era de 26,9%. A fatia do banco após a união das duas será de 22,4% do capital total. Em nota, o BNDES diz que "tem dado grande apoio ao agronegócio brasileiro (...) A aquisição de participações acionárias por parte do BNDES tem o objetivo de estimular o aprimoramento da governança corporativa, bem como das práticas socioambientais destas companhias". Em relação à fusão entre a JBS e a Bertin, o BNDES, diz ver "de forma positiva essa união, que resultará na maior empresa de proteína animal do mundo, com grande potencial de geração de sinergias, que já nasce listada no Novo Mercado". O BNDES diz ver também positivamente "o processo de internacionalização da JBS e seus planos de abertura de capital da JBS USA nos EUA". O BNDES já apoiou operações anteriores realizadas pela JBS. Em 2004, financiou a compra da Swift Armour na Argentina e em 2007 participou de FIP para investimento na aquisição da americana Swift Foods Company. O banco também tem estimulado a formação de grandes grupos, como a BRF-Brasil Foods, a compra da Seara pela Marfrig e, agora, a união entre JBS e Bertin. Em função da compra da Pilgrim's Pride nos EUA, a JBS também acabou postergando a operação de oferta pública de ações da JBS USA, na qual espera obter US$ 2 bilhões. A intenção é usar esses recursos na expansão da rede de distribuição direta da companhia nos Estados Unidos. Joesley Batista disse que a empresa também tem "disponibilidades de US$ 1,5 bilhão" que podem ser usados como financiamento para a JBS. A aquisição da Pilgrim's pela JBS está dentro do plano de recuperação judicial da empresa americana, que em dezembro pediu proteção contra falência. Por isso está sujeita à aprovação do tribunal falimentar do Estado do Texas, o que as duas empresas esperam ocorrer em dezembro próximo. " Na sua conclusão, a aquisição contará com linhas de crédito suficientes para financiar dívida de aproximadamente US$ 1,5 bilhão " , diz comunicado da JBS ao mercado. A operação entre as duas empresas também terá de ser submetida aos órgãos reguladores da concorrência nos Estados Unidos. Batista disse que a JBS não fará novas aquisições este ano. "A JBS segue olhando oportunidades, mas para 2009 o dever de casa está feito", afirmou . Ele observou ainda que a empresa só pretende expandir sua atuação em locais onde já está. (Colaborou Francisco Góes, do Rio)