quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Notícias Frango demais, consumo de menos

Setor aumentou o número de aves alojadas, mas registra queda de preços nos mercados interno e externo devido à redução da demanda A avicultura pode ter avaliado mal o fim da crise econômica internacional. Acelerou a produção, elevou a oferta e, agora, começa a viver forte redução nos preços do frango no mercado interno. O alojamento de pintinhos - que representa a oferta futura de carne nos supermercados - superou 500 milhões de unidades no mês passado, número superior ao de igual período de 2008. Em fevereiro, eram 460 milhões. Alojamento maior, mercado interno sem reação no consumo, demanda menor em alguns países para os quais o Brasil exporta e câmbio cada vez mais desfavorável estão tirando renda de todos os segmentos envolvidos nessa cadeia: produtores, indústrias e exportadores. Essa oferta maior e sem correspondência da demanda fez com que o quilo do frango de corte recuasse para R$ 1,71 para os produtores paranaenses, valor 5,52% menor do que o registrado em julho do ano passado. Para os produtores paulistas a queda é ainda maior. O quilo da ave viva vem sendo comercializado, em média, por R$ 1,30, valor não registrado desde abril do ano passado. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, os preços também não têm se sustentado no atacado. O custo médio do frango resfriado é R$ 3,04, enquanto o frango congelado vem sendo comercializado por R$ 3,06, valores menores do que os registrados no mesmo período do ano passado. ""Foi um erro"", admite Ariel Mendes, presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), referindo-se ao aumento dos alojamentos. Segundo ele, ainda não há excesso de carne no mercado, mas as criações não poderiam ter voltado aos patamares anteriores ao período da crise. A avaliação é que o prolongamento das férias escolares em vários Estados - provocado pela pandemia de gripe A - aliado à maior oferta do produto nas gôndolas dos supermercados seriam os responsáveis por fazer cair o preço do produto. No entanto, o presidente do Sindicato das Indústrias Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins, tem outra opinião. ""Não vejo tropeço (em aumentar o numero de aves alojadas). Historicamente, em todo final de mês as vendas internas caem"", observa. Segundo ele, não há superprodução de aves no Estado e, além disso, a avicultura paranaense diverge da paulista. ""A nossa organização é diferente da de São Paulo, no Paraná é 100% de integração"", afirma. Nesse sistema, os abatedouros fornecem pintinhos, ração, insumos e assistência veterinária, enquanto os produtores arcam com mão de obra e infraestrutura física. Desta forma, as indústrias têm mais poder regulatório sobre as criações. Martins informa que no último bimestre do ano o número de aves alojadas vai novamente cair. ""É um comportamento histórico. No final do ano cai o consumo de aves devido às férias escolares. Isso é histórico, não há contingência no mercado"", diz. Fernanda Mazzinie Mauro Zafalon (Folhapress)