sexta-feira, 30 de abril de 2010

Friboi mantém silêncio sobre demissões em Barra do Garças

De Barra do Garças - Ronaldo Couto


A direção da JBS Friboi mantém o silêncio sobre a decisão extinguir o segundo turno de abates de bovinos na unidade de Barra do Garças, a 504 km de Cuiabá, que resultou em mais de 500 demissões. Um diretor da empresa recebeu o correspondente do Olhar Direto esta semana, mas não concedeu entrevista. Ele somente repassou o e-mail da assessora de comunicação corporativa do JBS Friboi, Vanessa Esteves, em São Paulo, que tem a missão de repassar as informações à população.
O diretor tentou amenizar o caso, dizendo que as demissões foram em torno de 479 pessoas do turno da noite e aproximadamente 200 trabalhadores foram incorporadores no turno normal da empresa. Segundo ele, há uma preocupação para explicar à sociedade barra-garcense o que está acontecendo, para afastar qualquer dúvida e evitar desvalorização das ações da empresa junto à bolsa de valores.
O JBS Friboi é considerado o maior frigorífico do mundo e emprega 1.300 funcionários em Barra do Garças. Recentemente a empresa anunciou a fusão com o Grupo Bertin e aquisição da unidade que estava alugada pelo frigorífico Margem, que fechou e pediu recuperação judicial. Um mistério está na cidade, de que a unidade do Bertin, que pode gerar 600 empregos, permaneça fechada sob a direção do JBS para justamente não concorrer com ele mesmo.
O grupo adquiriu ainda o curtume de Barra do Garças e administrado pela DMZ Couros e, segundo informações, triplicou a produção de couros na região. O vereador Sávio Carvalho, que é proprietário de um frigorífico na cidade, teme que essa união Friboi/Bertin perpetue pelo fechamento da unidade Bertin na saída para Nova Xavantina. “Eu entendo que a classe política não deve aceitar isso e devemos pressionar a Friboi reabrir aquela unidade” finalizou.
O vereador discorda que o motivo das demissões seja o mercado do gado. Segundo Carvalho, o mercado internacional reabriu para o Brasil e as exportações voltaram a subir e não justifica atitude do Friboi em parar o segundo turno. Há informações de que o segundo turno foi criado com propósito de ajustar a empresa ao perfil social pelo fato de estar gerando mais empregos e conseqüentemente obter recursos junto ao BNDES. Para tirar as dúvidas, somente a empresa, a qual mantém um discurso de silêncio.