quinta-feira, 3 de novembro de 2011

País busca status de território livre de aftosa sem vacinação


03/11 
Daniel Popov

Enquanto o Brasil luta para erradicar a doença da totalidade de seu território, Minas Gerais e Goiás já se preparam para pedir o status de "livre sem vacina"

Com planos de elevar o status de todo o território brasileiro para livre de aftosa sem vacinação até 2013, 19 estados iniciaram na terça-feira a corrida para a segunda fase de imunização de seu rebanho de bovinos e bubalinos. Entretanto, alguns estados, como Minas Gerais e Goiás, já traçam estudos para pedir ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) o título de "livre da doença sem vacinação".



Depois de Roraima, Rondônia e Amapá, que iniciaram a imunização de seu rebanho em meados do mês passado, o Mapa espera que sejam vacinados agora outros 160 milhões de cabeças nessa segunda etapa da campanha nacional de vacinação contra a aftosa. "Em 2010 vacinamos cerca de 97,4% do rebanho; na primeira etapa deste ano os índices saltaram para 97,7%, e queremos manter essa porcentagem subindo", disse coordenador do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, do Mapa, Plínio Leite Lopes.



Tradicionalmente todos os estados, exceto Santa Catarina que é o único estado a deter o título de "livre sem vacinação", imunizam todo o rebanho de bovinos e bubalinos nas duas etapas da campanha. Entretanto, este ano, na Bahia, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Tocantins e no Distrito Federal apenas os animais com idade abaixo de 24 meses serão imunizados. "Em breve Sergipe também entrará nesse grupo, que na primeira etapa vacina todos os animais, e na segunda, apenas os mais novos", comentou Lopes.



No estado goiano, um dos agraciados pela redução de animais a serem imunizados, a perspectiva é vacinar aproximadamente 10 milhões de cabeças de gado de menos de dois anos de idade, que representa a metade do plantel total do estado. "Pela primeira vez em nossa história recente, estamos vacinando apenas animais jovens nessa segunda etapa. A expectativa é de imunizar mais de 99% dos animais desses bovinos mais jovens", garantiu José Mário Schreiner, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg/Senar).



Em Minas Gerais a expectativa também é vacinar 10 milhões de bovinos e bubalinos (40% do rebanho do estado, que é de 23,4 milhões cabeças), com a meta de igualar ou superar o índice alcançado no mesmo período de 2010, que foi de 97,5%. Já no Paraná, onde serão vacinados 100% do rebanho de bovinos e bubalinos, a estimativa é imunizar as 9,3 milhões de cabeças.



Enquanto muitos estados ainda lutam para obter o status de livre da aftosa com vacinação, outras regiões buscam um salto ainda maior: livrar-se da doença e da vacinação, a exemplo do estado catarinense. "Todos os estados possuem a liberdade de pleitear junto ao Ministério, o status de livre sem vacinação. Desde que sejam apresentadas as garantias necessárias para pleitear isso. E essas garantias envolvem medidas de prevenção em torno da área total", comentou o coordenador do Mapa, Leite Lopes.



De acordo com ele, apesar de até o momento nenhum novo pedido de alteração do status ter chegado ao Mapa, a intenção do governo brasileiro é estimular as melhores práticas para isso. Em Goiás, onde o ultimo caso registrado da doença foi em meados de 1995, esse processo parece bastante adiantado.



"Nós estamos trabalhando muito para chegar ao ponto de liberar o estado da vacinação, e nos preparamos para isso. Entretanto não consigo estipular uma data para realizarmos esse pedido ao Mapa. O órgão de defesa do nosso estado está passando por uma reestruturação, no qual já contratamos mais de 700 profissionais, para fortalecermos os serviços e pedir a retirada da vacinação", considerou José Mário Schreiner, da Faeg/Senar.



Outro estado interessado na troca do título de "com" para "sem vacinação" é Minas Gerais. Para o diretor do Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima), Altino Rodrigues Neto, o estado pretende nos próximos meses discutir o assunto com membros do ministério. "A nossa postura aqui, em Minas Gerais, é de colocarmos no calendário uma data para discutirmos o status de 'livre sem vacinação'. O problema é que, com nossas dimensões, livrar apenas o estado geraria muitos problemas; temos que pensar em regiões. A maioria dos estados já trilha há muito tempo sem ter um foco", considerou o executivo.



Já o Estado de Santa Catarina, que segue como "livre sem vacinação", a preocupação é dobrar a atenção para evitar sustos. "Não vamos retirar o status catarinense, vamos ajudá-los a se prevenir, e queremos, sim, ampliar a zona livre sem vacinação", finalizou o executivo do Mapa, Lopes.

DCI - Diário do Comércio & Indústria