quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Justiça aceita recuperação de frigorífico

Mondelli já tem um administrador judicial e tenta retomar a produção, parada por causa das dificuldadesCRISTINA CAMARGO
cristina.camargo@bomdiabauru.com.br
A juíza Rossana Teresa Curioni Mergulhão, da 1ª Vara Cível de Bauru, aceitou nesta terça-feira (14) o pedido de recuperação judicial apresentado no final de janeiro pelo Frigorífico Mondelli, que vive uma crise financeira.
Segundo informações do cartório da 1ª Vara, já foi nomeado o administrador judicial. É Fernando Borges, o mesmo que atuou na recuperação do  Frigol, de Lençóis Paulista.
O advogado Geraldo Gouveia Júnior, da Advocacia De Luizi, contratada pelo Mondelli para a recuperação judicial,  disse no final da tarde desta terça-feira (14) que o administrador nomeado já esteve na empresa para verificar a situação.
Agora, o Mondelli tem 60 dias para apresentar à Justiça um plano de recuperação. A empresa contratou a consultoria internacional KPMG Restructuring para dar suporte à reestruturação.
Com o pedido aceito, o próximo passo é tentar retomar a produção. Há conversas com investidores para que o frigorífico consiga voltar a abater animais e comercializar carne.
A intenção é que isso aconteça em breve.
Os advogados também trabalham para liberar as contas bancárias do Mondelli, bloqueadas por meio de liminares pedidas pela Hapi Comércio Alimentícios, que representa franceses investidores no frigorífico desde o ano passado.
A empresa alega que o frigorífico só pode começar a recuperação judicial após pagar cerca de R$ 12 milhões aplicados numa operação chamada sociedade em conta de participação.
“Pelas regras legais, o Mondelli só poderá entrar em recuperação judicial, ou até mesmo falência, depois que liquidar o investimento feito pela empresa francesa. Ou seja, é preciso devolver este dinheiro antes de qualquer outra coisa”, afirma o advogado Thiago Munaro, que defende os franceses. 
A Hapi, no entanto, é tratada pelo frigorífico como mais uma das credoras.
“Tudo é feito às claras, dentro da lei ”, diz o advogado do Mondelli. “Essa medida [o pedido de recuperação] foi tomada para que a empresa evite a falência. Não há nada mais claro, nada mais transparente do que um processo de recuperação judicial”, reforça.   

Pagamento de vales ainda é dúvidaSegundo o advogado do frigorífico, a intenção é continuar pagando os funcionários  em dia, mas “isso foge da vontade da empresa”. Novamente o bloqueio das contas foi citado como fator que atrapalha.  O vale salarial teria de ser pago no próximo dia 22.
700É o número de funcionários do Mondelli, indústria histórica de Bauru instalada no Mary Dota
Processo vai revelar o valor da dívidaCom a abertura do processo de recuperação judicial, a empresa terá de publicar todos os seus balanços. O valor da dívida ficará público. “O que pauta a recuperação é o pagamento dos credores”, diz o advogado  Geraldo Gouveia Júnior.  Na avaliação dele, o frigorífico é viável e poderá superar a crise e continuar no mercado.