quinta-feira, 25 de junho de 2009

Frigorífico diz que boicote é insanidade

Mesmo antes do boicote anunciado pela Federação da Agricultura do Pará (Faepa), os frigoríficos do Estado já operam com 40% da capacidade de produção ociosa. Quem adverte é o presidente da União das Indústrias Exportadoras de Carne (Uniec), Francisco Victer. 'A indústria da carne já estava vivendo uma crise desde 2007. Agora só piorou', disse. O risco de demissão no setor é iminente. Mas os frigoríficos apostam que os produtores rurais não vão aderir ao boicote. 'A gente já está com tantos problemas. Não deveríamos passar por mais esse. Temos absoluta certeza de que o produtor não vai tomar essa atitude. Os produtores são conscientes. Essa atitude é insana', disparou. No Pará operam 32 frigoríficos, que geram cerca de 50 mil empregos diretos e indiretos, segundo a Uniec. O maior de todos é o grupo Bertin, com sete unidades no Estado, sendo quatro frigoríficos, dois curtumes e uma fábrica de calçados de segurança, que empregam 4.973 mil pessoas diretamente. Para Victer, ao boicotar os 32 frigoríficos do Pará, os produtores vão permitir o que mais temem, que é o aumento da oferta do boi. 'Se não vende, aí é que se tem mais boi no mercado'. O presidente da Uniec também pondera que a arroba do boi no Estado sempre teve valor abaixo do mercado de Mato Grosso do Sul, mas já se equiparou. 'Quando o preço da arroba subiu, aqui, os frigoríficos não fizeram boicote aos pecuaristas', comparou. Francisco Victer destaca que a proposição de campanha contra a indústria da carne demonstra 'que a Faepa não sabe da gravidade da situação que estamos passando'. 'O momento não é de brigar, é de unir forças. Não queremos partir para o confronto. Queremos com o governo do Estado, produtores e indústria, buscar uma solução duradoura. Ou pelo menos tirar as atividades econômicas como vilãs do meio ambiente', rebateu. Segundo a Uniec, a afirmação de que o embargo do Ministério Público Federal beneficia o segmento 'é completamente infundada, beirando a insanidade. Isto porque, além de estarem respondendo as mesmas ações como co-responsáveis, os frigoríficos também enfrentam a dura recomendação que o MPF dirigiu a 69 de seus clientes, impedindo que comprem os produtos dessas indústrias.' A Uniec informa que desde o final de maio, quando o MPF emitiu as recomendações, as indústrias vêm enfrentando grandes transtornos na compra de matéria-prima, devido à limitação de fornecedores. A dificuldades é encontrar fazendas que não estejam de alguma forma embargadas. Por outro lado, as empresas sofrem prejuízos irreparáveis na sua imagem, junto as maiores redes de supermercados do Brasil e aos importadores de seus produtos. Victer rechaça que a informação de que a arroba do boi, em uma semana caiu R$ 10,00 não é verdadeira. 'Levantamento dos preços mostram que no início de maio o preço da arroba do boi no Pará oscilou entre R$ 63,00 e R$ 64, 00. Já no fim do mesmo mês esse preço subiu para R$ 71,00 e agora os preços estão entre R$ 66,00 e R$ 68,00, dependendo da praça', demonstrou. BOICOTE

A Federação da Agricultura continua apostando no boicote e agora pretende mobilizar os produtores rurais para comparecimento em massa à audiência pública proposta pelo Congresso Nacional, que será realizada em Belém, no próximo dia 2 de julho. 'Queremos encher a cidade de produtores e vamos colocar aqui nesse dia cinco mil pecuaristas', garantiu Carlos Xavier, presidente da entidade. Aliás, a rotina do presidente da Federação tem sido o atendimento permanente e quase exclusivo aos sindicatos rurais dos municípios paraenses. Ontem, vereadores da Transamazônica chegaram a Belém e devem fazer hoje peregrinação em vários órgãos do Estado para sensibilizar sobre a causa que defendem. A região é uma das mais importantes para a pecuária do Estado. A expectativa é de que até amanhã seja assinado o primeiro Termo de Ajuste de Conduta (TAC) no Ministério Público Federal. O documento mais adiantado é o do grupo Bertin, que possui quatro frigoríficos instalados no Pará.

Fonte: O Liberal -PA