quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Friboi beneficia imagem da pecuária brasileira no exterior

A JBS Friboi firmou acordo com o Vion Food Group para a compra da australiana Tatiara Meat Company (TMC), processadora de carne ovina, por 30 milhões de dólares australianos, ou US$ 27,5 milhões. A conclusão da negociação, feita por meio da subsidiária Swift Austrália, depende do processo de due diligence e aprovação pelas autoridades competentes.

 Para o presidente do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Costa Guedes, a expansão do Grupo JBS Friboi no mercado internacional é benéfica à imagem da pecuária brasileira no exterior. Guedes está otimista em relação à retomada das exportações para o mercado europeu no próximo ano, com o aumento dos números de fazendas incorporadas ao programa brasileiro de rastreabilidade (Sisbov).
Ele comemora a recuperação do mercado chileno, que tem potencial de importação de 100 mil toneladas/ano, e prevê para o próximo ano a concessão de status de livre de aftosa com vacinação para a Amazônia e região Norte, o que possibilitaria a abertura dos mercados do Japão e da Coreia do Sul para a carne brasileira.
Na opinião de Guedes, o setor não estava preparado nem organizado para enfrentar o impacto da crise financeira que atingiu os frigoríficos. Ele defende uma reestruturação, com a criação de linhas de financiamento destinadas à aquisição do gado pelos frigoríficos, sem a necessidade de o criador vender a prazo e ficar sujeito ao calote, como aconteceu neste ano. 
Hoje, diz ele, grande parte dos pecuaristas está adotando a política de vender mais à vista e em pequenas quantidades, para evitar prejuízos. Em relação à decisão da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) de não comprar carne proveniente de animais de áreas desmatadas, Guedes afirmou que os mecanismos de certificação são saudáveis por restringir quem desmata ilegalmente e queima pastagens, mas critica o fato de a Abras não ter chamado os produtores para discutir os critérios.
Guedes rebateu as criticas feitas à atividade pecuária durante a convenção do clima em Copenhague. Ele disse que é possível reduzir as emissões da pecuária, "mas é preciso haver honestidade nos números". Ele observa que muitos estudos não levam em conta CO2 que as plantas (forrageiras e gramíneas) absorvem e fixam no solo.
Ele diz que pastagens recuperadas chegam a sequestrar mais carbono que as florestas tropicais. Ele cita um estudo do pesquisador da Embrapa, Odo Primavesi, que mostra sequestro de 4% em pastagens bem manejadas, enquanto na floresta é de 3,5%. Na questão do metano resultante do processo digestivo do gado, ele afirma que o Brasil foi um dos países que mais reduziu emissões nos últimos anos, por meio do encurtamento da idade de abate dos animais, de cinco anos para dois anos e meio.