terça-feira, 16 de março de 2010

Ações do Minerva disparam com o "assédio" do Marfrig

SÃO PAULO - O frigorífico Minerva é alvo de disputa entre as gigantes JBS-Friboi e Marfrig Alimentos. De acordo com a versão de ontem do relatório reservado, a Marfrig teria saído na frente e sinalizado uma transação de compra da ordem de R$ 1 bilhão. Segundo fontes do mercado, a Marfrig teria ainda firmado um acordo de exclusividade de 90 dias com o Minerva.
A notícia mexeu com as ações do Minerva na bolsa. Durante o pregão, os papéis chegaram a avançar 8,92%, cotadas a R$ 7,08. O volume financeiro superava de R$ 11 milhões, acima do normalmente movimentado pela ação. No fechamento dos negócios, as ações fecharam com alta de 8%, cotadas a R$ 7,02.
Para analistas de mercado, os rumores envolvendo o Minerva e a suposta oferta feita pela JBS ecoavam há mais de um mês. Segundo Lígia Pimentel, analista e da Scot Consultoria, caso se concretize a fusão com a Marfrig, esta passa a abocanhar grande parte da capacidade brasileira de abate. Levantamento da Scot aponta que a Marfrig opera 10,8% dessa capacidade nacional e o Minerva, 3,2%. "A somatória das duas colocaria a Marfrig quase que lado a lado com a JBS, já que esta responde por 19% do potencial de abate do País", afirma.
De acordo com Pimentel, algumas regiões onde a Marfrig e a Minerva disputam mercado, como São Paulo e Goiás, sofreriam com a concentração do setor nas mãos de uma empresa consolidada. "Ficaria mais difícil para o pecuarista. Ele perderia o poder de barganha", diz. Por outro lado, para a analista, o mercado contaria com padronização de produto e também com mais qualidade.
Procuradas pelo DCI, Minerva, JBS e Marfrig negaram que estejam negociando qualquer tipo de acordo de compra e venda.
"O Minerva é um dos únicos grandes frigoríficos que restaram depois da crise do setor no ano passado e o mercado acredita que ele pode ser alvo de aquisição", disse Caue Pinheiro, analista da SLW Corretora. "Mesmo que as empresas neguem a possibilidade de acordo, está na cabeça do investidor que o Minerva é alvo de aquisição", acrescenta.
No início do mês o Minerva informou lucro de R$ 17,5 milhões no quarto trimestre, revertendo um prejuízo de R$ 180 milhões registrados no mesmo período do ano passado. As vendas líquidas subiram 23%, para R$ 2,6 bilhões.Já o JBS registrou alta de 23%, para R$ 34,3 bilhões.
Ao final de março, a Marfrig divulgou comunicado ao mercado informando que negociava com o Grupo Globoaves a aquisição ou o arrendamento de duas unidades frigoríficas de pequeno porte destinadas ao abate de frango caipira e pato, o que inclui os negócios de frango caipira, com a marca Nhô Bento e de pato, com a marca Germânia. O objetivo do negócio seria diversificar a gama de produtos da Seara, adquirida pela Marfrig em setembro do ano passado.