sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Governo argentino estuda saída para reabrir frigoríficos no país

BUENOS AIRES - O governo argentino estuda intervir para que a crise envolvendo frigoríficos no país não resulte no fechamento de mais unidades. O secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, quer que os empregados, com o apoio do governo, assumam as operações dos frigoríficos paralisados ou em risco de fechamento, informou o secretário-geral da Federação de Sindicatos de Trabalhadores da Carne e Afins (Fetsicara), Sixto Vallejos. "Moreno nos prometeu esse plano para preservar as fontes de trabalho", disse Vallejos. Cerca de 20 frigoríficos deixaram de operar nesse ano e outros 12 se encontram em vias de baixar as portas. Em todo o país, 10 mil operários foram demitidos ou se encontram em férias coletivas, recebendo somente 75% do valor do salário. Entre as unidades paradas, três pertencem à Swift, subsidiária do grupo brasileiro JBS-Friboi. A companhia brasileira pretende vender as unidades que estão paralisadas.

Vallejos disse que na próxima segunda-feira representantes dos trabalhadores se reunirão com diretores da JBS e com Moreno para chegar a um acordo sobre o assunto. "Vamos discutir um acordo de gestão de propriedade participativa", explicou. O sindicalista afirmou que o governo e os trabalhadores "têm de encontrar uma alternativa para continuar trabalhando porque os empresários não se importam".

Ele detalhou que Moreno colocará em andamento um sistema de cota de distribuição dos animais para o abate, com o objetivo de garantir o funcionamento de todas as unidades no país. "Nenhum frigorífico tem condições de funcionar hoje com 100% de sua capacidade, mas se cada um receber uma cota específica de gado, todos podem operar com 60% de sua capacidade", acrescentou Villejos.

A assessoria de imprensa da JBS em Buenos Aires reiterou que a empresa não fará nenhum comentário sobre o assunto. A opção de executar uma gestão participativa surge diante das dificuldades da JBS de encontrar um comprador para suas unidades No mercado, comenta-se que não há interesse pelo negócio, já que as restrições às exportações e à oferta de gado provocaram uma profunda crise no setor.