terça-feira, 8 de novembro de 2011

Coutinho nega ter conhecimento de cartelização em frigoríficos

Por Azelma Rodrigues e Sergio Leo | Valor
BRASÍLIA – O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, negou ter conhecimento de cartelização no setor de carnes, ao rebater denúncias do DEM. E disse que o setor frigorífico nacional necessita de um programa de investimentos, com maior formalização de pequenos pecuaristas.
Segundo ele, a JBS Friboi aproveitou oportunidades e internacionalizou-se, o que deveria ser seguido por outras empresas. Negou que o frigorífico esteja criando mais empregos nas subsidiárias estrangeiras do que no país, como acusou o senador Demósthenes Torres (DEM/GO).
Diante das denúncias da oposição, o governo reuniu uma tropa de choque para ajudar Coutinho. Vários senadores governistas, inclusive o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), além do líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), plantaram-se na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para defesa.
Mas a tropa de choque nem chegou a atuar. Coutinho se saiu bem ao rebater as acusações do DEM. Por ter participação acionária no JBS, ele negou que tenha perdido recursos com a empresa. Justificou ainda que a venda de ativos pelo processo "spin off" é algo "absolutamente normal" na vida de grandes empresas.
Ele disse que o setor frigorífico sofreu um boom de investimentos em 2004, criando quatro grandes grupos. E que a crise de 2008 "secou o crédito". "Infelizmente, o BNDES não conseguiu evitar rupturas no setor frigorífico", contou.
Com isso, prosseguiu ele, houve uma concentração posterior. As quatro grandes foram transformadas em duas: Mafrig e JBS Friboi.  Daí, ele defender um programa de expansão para o setor.
A respeito de vídeo com notícia sobre investigação da policia federal de suposto esquema para fraudar empréstimos do BNDES, Coutinho disse ser antigo, de 2005, "já foi investigado e nada ficou provado".
Coutinho também disse que questões de cartelização não são assunto do banco estatal, e devem ser encaminhadas aos órgãos antitruste. "Achei o vídeo muito confuso, não entendi direito", falou ele sobre vídeo apresentado pelo DEM onde funcionário do JBS fala sobre suposto cartel no preço da carne bovina.
"Temos nos pautado por análise criteriosa nos nossos investimentos", concluiu Coutinho.
(Azelma Rodrigues e Sergio Leo/Valor)