segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Frigoríficos devem olhar para si em 2012


São Paulo
Olhar para dentro de casa. Essa é a expressão que pode definir o que será o ano de 2012 para as principais empresas de proteínas brasileiras - JBS, Marfrig e Minerva. Pelo menos é o que o mercado espera destas companhias depois de uma série de aquisições, que as levaram a um novo patamar. Ao se depararem com um alto grau de endividamento, a promessa para este ano é que as empresas concentrem esforços na busca de sinergias, melhora operacional e geração de caixa, até para tirar a pressão sobre as suas ações.
"Após as últimas aquisições e desinvestimentos anunciados, a expectativa do mercado deverá manter-se direcionada ao sucesso na integração dos novos ativos, ao nível e velocidade da geração de caixa e consequente desalavancagem das companhias", declararam os analistas Henrique Koch e Thiago Gramari, do BB Investimentos, em relatório ao mercado.
Os primeiros passos já foram dados no final do ano passado, mas o mercado ainda se mantém cético para com as companhias. "A expressão 'dinheiro é rei' é provavelmente o que melhor define nossa tese para JBS e Marfrig. Acreditamos que os investidores só se tornarão mais otimista com as empresas diante de claros sinais de geração positiva de fluxo de caixa sustentável e de desalacancagem", disse o analista do Citigroup, Carlos Albano, em relatório ao mercado. Ele admite que as empresas estejam concentrando suas operações para gerar fluxo de caixa positivo, mas que em 2012 será ainda difícil visualizar essas melhoras. Ele, no entanto, entende que as companhias já deverão apresentar significativos avanços de margem a partir deste ano.
No caso de JBS, segundo Albano, a melhoria deverá vir da Pilgrim's Pride. "A queda nos preços do milho e recuperação de preços das aves deve reverter as margens negativas", declarou o analista. No ano passado, a empresa anunciou reorganizações no Brasil e nos EUA. Por aqui, a movimentação promete economias ao redor de R$ 200 milhões anualizados. Já nos EUA, a expectativa é de ganhos de US$ 500 milhões, principalmente de sua unidade de frango, a Pilgrim's Pride, que vem em uma sequencia de prejuízos trimestrais.
Para Marfrig, conforme o analista do Citi, o fechamento de algumas unidades, melhores preços de seus produtos e reajuste de mix de vendas já contribuíram para aumentar as margens. "Tal progresso será recorrente para os próximos trimestres", disse. Desde setembro, a Marfrig começou a se desfazer de ativos que não são foco de seu negócio principal, como a venda da divisão de logística da norte-americana Keystone Foods para a Martin Brower.
O Minerva, por sua vez, se concentrou em ações internas. O frigorífico encerrou o terceiro trimestre com uma relação dívida líquida e Ebitda de 3,88x, com um total de endividamento líquido de R$ 1,251 bilhão. Agora especialistas aguardam melhorias de margens por meio da maturação dos investimentos em crescimento orgânico. O cenário favorável para a pecuária brasileira - com menores preços do gado - trará benefício a companhia.