sábado, 17 de julho de 2010

UE aceitará importar carne bovina de fazendas indicadas pelo Mapa

Os europeus mostraram-se dispostos a delegar ao governo federal do Brasil a indicação e seleção das fazendas aptas para exportar carne bovina à União Europeia (UE). A negociação foi feita durante visita da comissão brasileira liderada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) à Bruxelas, na Bélgica, para discutir questões relacionadas à exportação brasileira de produtos agropecuários. A comissão retornou na quarta-feira (14) ao Brasil.
Atualmente, cabe aos membros do bloco europeu visitar e selecionar as fazendas aptas para exportação de carnes. Hoje, apenas duas mil propriedades estão habilitadas para vender carne ao bloco, “um número muito pequeno que precisa ser ampliado rapidamente”, defendeu o ministro Wagner Rossi. Ao anunciar a disposição dos europeus de permitir que o próprio Mapa selecione as propriedades aptas para exportação de carnes aos europeus, Rossi explicou que os técnicos da UE terão direito de inspecionar, a qualquer momento, as fazendas indicadas.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) vê a possibilidade como um avanço nas negociações com a Europa. “A questão de a União Europeia reconhecer nossa capacidade técnica de vistoriar, atestar as condições sanitárias e certificar as propriedades sempre foi um item de nossa pauta de negociação. E isso se aplica não apenas à carne, mas a todos os setores. Isso facilitará a entrada do produto brasileiro no bloco europeu”, explicou à Agência Brasil o gerente-geral de negócios da Apex, Sérgio Costa.
Costa também afirmou que “a expectativa é que, com a revisão da posição do bloco europeu, nossas exportações cresçam significativamente, mas só esta medida não será capaz de resolver todos os entraves enfrentados pelo setor. Temos orientado os produtores no sentido de que o mercado não se limita à União Europeia e à América do Norte”. Para efeito de comparação, somente o Irã comprou 20% de toda a carne in natura exportada pelo Brasil entre janeiro e junho de 2010.
Entre os entraves citados pelo gerente da Apex está a chamada cota Hilton, acordo que define tarifas tributárias reduzidas sobre os cortes mais nobres, mas limita em 10 mil toneladas o volume de carne que o Brasil pode vender à Europa entre os anos de 2009 e 2010. Ao retornar de Bruxelas, onde negociou este e outros temas, o ministro Wagner Rossi disse que os critérios para o novo acordo, que deve passar a vigorar a partir de 2011, devem ser definidos nos próximos meses.
De acordo com os dados da Apex, o Brasil exportou para a União Europeia US$ 148 milhões em carne in natura de janeiro a julho deste ano.