quinta-feira, 7 de julho de 2011

Rodopa quer crescer em carne


Pouco mais de um ano após iniciar seu processo de profissionalização, a Rodopa Alimentos - dona da marca Tatuibi - investe em aumento da capacidade de abate de bovinos e espera elevar em 30% seu faturamento bruto em 2011. No ano que passou, a receita da companhia foi de R$ 766 milhões.
A Rodopa, criada em 1958 em Limeira (SP), pela família Bindilatti, tem três unidades em operação e acaba de arrendar (com opção de compra) um frigorífico na cidade de Goiás (GO), com capacidade de abate de 500 bovinos por dia, segundo Sérgio Longo, diretor geral executivo da companhia. A unidade, que já foi arrendada pelo Frigoestrela (hoje em recuperação judicial), entrará em atividade na segunda quinzena de agosto.
Longo, que foi diretor-financeiro da JBS S.A., diz que o plano é ampliar a capacidade de Goiás e habilitar a planta para exportar à Europa. As outras unidades, em Santa Fé do Sul e Ipuã, ambas em São Paulo, e em Cassilândia (MS), têm capacidade de abate equivalente de 2.500 animais por dia. A de Santa Fé é habilitada a vender para países da lista geral e também para a Europa. Cassilândia pode exportar para os de lista geral.
Além do arrendamento de Goiás, a Rodopa também investiu em ampliação das fábricas de Santa Fé e Cassilândia e na frota de caminhões. No total, os aportes somaram, segundo Longo, R$ 30 milhões. "Está previsto mais para este ano", acrescenta. Os valores ainda não estão definidos. "São investimentos necessários para sustentar o crescimento da companhia".
Antes do começo do processo de profissionalização, a Rodopa pertencia a três irmãos da família Bindilatti, Paulo, Marcos e Rosana, que possuiam ainda revendas de automóveis, corretoras de seguros e fazendas de gado bovino. No início de 2010, a família decidiu separar os diferentes negócios, e Paulo Bindilatti comprou a participação dos irmãos na Rodopa. Hoje, ele é presidente da companhia.
Entre 2008 e 2009, quando o setor de carne bovina foi afetado por uma crise que levou várias companhias a pedir recuperação judicial, o faturamento da Rodopa caiu de R$ 586 milhões para R$ 526 milhões. No ano passado, quando as mudanças na gestão foram implementadas, a receita bruta subiu para R$ 766 milhões. O lucro bruto foi de R$ 111 milhões, 56% mais do que em 2009 e o Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 50 milhões, mais do que o dobro dos R$ 23,7 milhões do ano anterior, segundo a empresa.
Os números mostram ainda uma alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) de 1,09 vez no fim de 2010. A empresa fechou o ano que passou com dívida líquida de R$ 57,6 milhões e Ebitda de R$ 50 milhões. Hoje, segundo Longo, a empresa está trabalhando no alongamento de seu passivo financeiro. Dentre as possibilidades, a empresa avalia, para o segundo semestre, a emissão de um bond no mercado internacional.
Com 90% de sua receita proveniente de vendas no mercado interno - especialmente pequeno e médio varejo do interior do país -, a Rodopa também busca reforçar sua atuação no food service. A origem da companhia, assim como a da concorrente Marfrig, é exatamente a distribuição. Antes de ter unidades de bovinos, a empresa terceirizava o abate dos animais e distribuía a carne com a marca Tatuibi.
A Rodopa, que atua ainda em higiene e limpeza, também considera a possibilidade de uma fusão para continuar a crescer. "Podemos crescer por meio de fusão, de várias formas (...). Não vamos sair comprando [ativos] para não crescer demais e ficar com demanda inferior à oferta", afirmou Longo.
Em 2008 e 2009, foi justamente o excesso de capacidade num cenário de queda de demanda por carne bovina que detonou a crise dos frigoríficos no país.
O executivo não comenta, mas o Valor apurou que a Rodopa tentou uma fusão com o frigorífico Mataboi, que pediu recuperação judicial. A negociação, porém, não prosperou, segundo fontes do setor de carne bovina.
Valor Econômico