terça-feira, 16 de agosto de 2011

Marfrig tem prejuízo de R$ 91 milhões no 2º trimestre

O frigorífico Marfrig registrou no segundo trimestre um prejuízo líquido de R$ 91 milhões, revertendo o lucro de R$ 103,8 milhões do mesmo período do ano passado. A receita líquida operacional consolidada ficou em R$ 5,322 bilhões, com alta de 49,6% na mesma comparação. Já a geração de caixa (Ebitda) somou R$ 277,8 milhões, aumento de 9,7% ante os R$ 253,2 milhões do segundo trimestre do ano passado.

A empresa enfrentou na semana passada uma forte desvalorização na Bovespa. Só na segunda-feira, a queda foi de 25%. E, segundo o presidente da companhia, Marcos Molina, essa queda não será recuperada imediatamente. Segundo ele, esse é um fator externo e que não está nas mãos da empresa.

Os papéis do frigorífico foram prejudicados pelo desmonte de posições feito pelos fundos da GWI Investimentos. Conhecidos por operarem fortemente alavancados, principalmente por meio de operações no mercado futuro, eles tiveram de se desfazer das ações que detinham na Marfrig por causa da queda generalizada dos mercados acionários. Comenta-se no mercado que essa era a principal aposta dos fundos. A GWI Investimentos se desfez dos papéis da empresa em um momento em que a bolsa não estava compradora, diz Molina. "Não há como termos uma recuperação imediata", afirma. "A queda é normal."

Segundo ele, outras empresas exportadoras também estão sofrendo bastante. Nos últimos 12 meses, o Ibovespa acumula queda de cerca de 17%, sendo que as empresas exportadoras apresentam retração entre 40% e 50%. "O Grupo Marfrig acumula retração de 45% nos últimos 12 meses. A queda não é só no nosso setor, é geral", diz Molina.

Ainda sobre a recuperação da companhia no mercado acionário, ele acredita que isso só será possível com a volta do Ibovespa aos patamares normais, ou seja, após a passagem da turbulência externa. "Temos operações em vários países. Os riscos estão bem diluídos em cada negócio. Temos uma vez e meia o valor da dívida de curto prazo em caixa. Operacionalmente, estamos preparados para a crise", diz. "A queda na bolsa provoca uma perda de valor para os acionistas, mas não influencia internamente."

Sobre o nível de endividamento do frigorífico, o executivo afirma que a empresa está melhorando o capital de giro e gerando caixa operacional. Até 30 de junho deste ano, a dívida bruta consolidada do Marfrig somou R$ 10,36 bilhões, expansão de R$ 1,05 bilhão ante o trimestre anterior.

Apesar da forte retração dos papéis da empresa na semana passada, Molina não vê maiores impactos da crise financeira no negócio do grupo. "Até agora não vimos nada", diz.

Segundo ele, o setor de alimentos sofreu pouco na turbulência de 2008, cenário que deve se repetir agora, reforçando o fato de o cenário atual ser bem diferente. "Em 2008, havia muito estoque de carne. Hoje, o nível baixou muito. Estamos mais protegidos para a crise atual do que estávamos em 2008."

Ele também não crê que a crise atual impacte o volume das exportações nem o preço dos produtos. "O McDonald"s é o nosso principal cliente e, durante as crises, ele vende mais", exemplifica.

A Marfrig pretende priorizar no segundo semestre redução de custos e captura de sinergias de aquisições recentes, além da entrada em operação de novas unidades, incluindo uma de aves na China implementada por joint venture que tem naquele país.

A operação de uma unidade para abate de 150 mil aves/dia (inicialmente) na China está começando, e a empresa ainda terá nos próximos meses três confinamentos (dois no Brasil e um no Uruguai), nova linha de hambúrgueres na Argentina e de produtos processados e embutidos no Brasil, segundo o presidente da Marfrig, Marcos Molina.

A operação na China, que representará 5% do abate de aves da Marfrig e integra a aposta da empresa no crescente mercado chinês, prevê posteriormente a entrada em funcionamento de novos centros de distribuição, dentro de investimentos de 300 milhões de dólares anunciados em abril.
Novas aquisições, disse Molina, só serão avaliadas em 2012. "Estamos focados em sinergias, redução de custos... Temos tanta coisa que estamos inaugurando no semestre... Vamos fazer o dever de casa agora, e no final do ano, se a gente conseguir tudo isso, faremos o plano estratégico (para avaliar aquisições)", afirmou Molina.

Embargo russo

A Marfrig está buscando "outras opções" para compensar a suspensão das vendas de carnes de 37 frigoríficos, do qual é integrante, para a Rússia. A companhia tem obtido "sucesso" na estratégia de "diversificação geográfica", segundo informou a assessoria de imprensa da empresa.

No segundo trimestre deste ano as exportações para a Rússia representaram 12,7% da receita do Grupo Marfrig, superior à fatia de 10,4% obtida em igual intervalo do ano passado.