sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Frigorífico não paga salários por causa de embargo ao Irã

Carlos Eduardo de Souza
O embargo promovido por países desenvolvidos ao Irã é o motivo alegado pelo advogado Marco Antonio Del Grossi, que representa o frigorífico Boifrig, de Fernandópolis, arrendado por empresários iranianos, para o não pagamento de 400 trabalhadores da indústria. Segundo o advogado do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, Luiz Fernando Barizon, os empregados estão sem receber há quase dois meses e a entidade de classe vai ingressar nos próximos dias com pedido judicial de rescisão do contrato de trabalho para que os empregados possam sacar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e ingressar com pedido de auxílio desemprego. “A contribuição sindical eles descontam dos empregados e não repassam à entidade.” 
Sérgio Menezes/Arquivo
O frigorífico passou por várias mãos até o grupo iraniano arrendá-lo
Segundo o advogado do Sindicato, outros direitos assegurados pela legislação trabalhistas também não estão sendo cumpridos pela empresa. Ele estima que somente em salários a empresa deva mais de R$ 700 mil. “Isso sem contar outros benefícios e o FGTS.” Barizon disse também que o frigorífico tem divulgado reiteradamente que vai realizar os pagamentos em breve, o que não ocorre. 

Del Grossi disse que a intenção do Boifrig é fazer o pagamento dos empregados e reativar o abate, mas a dificuldade é a liberação de capital por causa do embargo. O advogado do frigorífico disse que a empresa não realiza abates desde o fim de agosto e mesmo assim fez pagamento dos trabalhadores referente ao mês de setembro e somente a um mês e meio os salários não estariam sendo pagos. Ele preferiu não revelar o valor devido aos trabalhadores. 

Pecuaristas receberam 

O presidente do Sindicato Rural de Fernandópolis, Marcos Mazeti, afirmou que o frigorífico Boifrig não tem dívidas para com os pecuaristas fornecedores de matéria prima para a unidade industrial. Barizon disse que tem se reunido com um funcionário do departamento pessoal e o advogado da empresa e que os próprios teriam relutado em ingressar com o pedido de rescisão contratual. 

A unidade industrial pertencente ao Grupo Mozaquatro foi arrendada inicialmente pelo frigorífico IFC, depois pelo Estrela Alimentos e, em seguida, pela Arantes Alimentos. Em janeiro de 2010, o grupo iraniano manifestou interesse e arrendou as instalações. O grupo investiu R$ 15 milhões para colocar a unidade em funcionamento. A meta da empresa é abastecer mercado interno e exportar carne bovina abatida em cerimônia halal (de acordo com os preceitos de sanidade no islamismo) para o Irã. 

Em janeiro passado completou um ano de arrendamento e começou a funcionar oficialmente no dia 8 de fevereiro de 2011. O Diário tentou entrar em contato ontem com Mohammed Ahmadi, um dos responsáveis pela empresa, mas não obteve resposta.