segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Independência: sem definição sobre venda de ativos, assembleia é adiada novamente

Os pecuaristas credores do frigorifico Independência S.A. e a Nova Carne Indústria de Alimentos Ltda. continuam na pendência de receber uma conta de mais de R$ 50 milhões devida desde o dia 27 de fevereiro de 2009, quando foi protocolado o pedido do processo de Recuperação Judicial do grupo. Na última sexta-feira (29/07), em São Paulo, a terceira Assembleia Geral de Credores deste ano foi suspensa novamente. A Assembleia foi solicitada para pedido de autorização de venda de ativos do frigorifico, mas, por unanimidade, foi aprovada a suspensão da Assembleia que foi adiada para o dia 22 de agosto.

"O pedido de suspensão veio por parte do banco J.P.Morgan, alegando a necessidade de nova avaliação dos ativos do frigorifico, que na primeira avaliação era de R$ 700 milhões e a melhor oferta feita para a compra desses ativos foi de R$ 250 milhões", resumiu o assessor jurídico da associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Leonardo Bressane, que acompanhou a assembleia geral. A questão não era apenas no baixo valor oferecido, mas também a situação da empresa Alfredo Kaefer Cia e Ltda., de Cascavel (PR), que faz parte do grupo que detém o frigorífico de aves Diplomata, "que possui uma dívida de R$ 80 milhões, que compromete 100% de seu capital social".

A Alfredo Kaefer Cia e Ltda., pertence ao deputado federal homônimo do PSDB do Paraná, também proprietário do abatedouro de aves Diplomata e da rede curitibana de supermercados SuperDip.

A proposta, de R$ 250 milhões, foi a melhor das cinco apresentadas para a aquisição de ativos do frigorífico. Mesmo assim, cobre apenas 35% do valor dos ativos da companhia, avaliado em R$ 706,922 milhões. O prazo de pagamento, de 10 anos, em parcelas trimestrais, com carência de três anos, também não agradou os credores.

Na reunião, quando foi pedido para que o representante da Kaefer se apresentasse para discutir a proposta, os advogados Deborah Valcazara e Michael Altit, do escritório Motta, Fernandes Rocha Advogados, intercederam. Eles informaram que em 2009 um grupo de credores internacionais do Diplomata, empresa de Kaefer, entrou com uma ação de execução em Cascavel (PR), ainda em processo de avaliação, no valor de R$ 80 milhões.

Nessa ação, 100% das ações do Diplomata seriam penhoradas para os credores. Além disso, há rumores no mercado de que o Diplomata estaria à venda e um dos interessados seria a Globoaves, do Grupo Kaefer, mesma família do deputado.

"Se há uma dívida dessa magnitude, como então a empresa poderá comprar e pagar corretamente os ativos (do Independência)?", questionou um credor.

O advogado Edilso de Oliveira, representante da Alfredo Kaefer Cia e Ltda, disse que ela será paga com o dinheiro obtido com a própria operação das unidades. "Também temos um parceiro estratégico nessa aquisição" disse o advogado, explicando que somente poderia revelar esse parceiro se a proposta fosse negociada pelos credores. Quanto à ação judicial, vamos aguardar o desdobramento dela. E cabem recursos. "Devemos sim, mas não é todo esse montante citado", revelou o advogado. 

Na reunião, Oliveira ainda explicou que a empresa do deputado Kaefer é sólida, tem 35 anos de existência, e faturou, em 2010, R$ 1,2 bilhão. "Nossa proposta é alternativa e estamos abertos ao diálogo", ressaltou.

"É um absurdo toda essa situação e a paciência de todos está se esgotando", disse o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari. Ele ressalta que a Acrimat vai continuar firme no propósito "de total pagamento da dívida que o Independência tem com os pecuaristas há mais de dois anos". A dívida inicial do grupo frigorifico era com 1.524 pecuaristas credores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais e Goiás, um montante de R$ 152,4 milhões. Desses, ainda restam quitar R$ 50 milhões e enquanto isso não acontece as 04 plantas de abate bovino em Mato Grosso instaladas nas cidades de Confresa, Juína, Nova Xavantina e Pontes e Lacerda continuam fechadas, assim como nas demais unidades do Brasil.

As informações são da Acrimat e da Agência Estado, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.