quarta-feira, 13 de julho de 2011

Cade aprova fusão entre Sadia e Perdigão com restrições

Demais conselheiros do Cade votaram a favor do caso; relator Carlos Ragazzo manteve seu voto

Germano Luders
Nildemar Secches (gravata vermelha), presidente do conselho de administração da Perdigão, com Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração do grupo Sadia.
Com restrições, fusão de Perdigão e Sadia é aprovada pelo Cade
São Paulo - Conforme antecipado ontem (12/7) por EXAME,  a fusão entre Perdigão e Sadia foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), nesta quarta-feira (13/7), após um acordo entre as partes. A decisão vai contra o voto do relator do caso, Carlos Ragazzo, que, há um mês, rejeitou totalmente a operação.
De acordo com a decisão do Cade, a Brasil Foods terá que alienar cerca de 730.000 toneladas de produtos processados. O montante equivale a quase toda a produção da Perdigão para o mercado interno. Terá que se desfazer também de fábricas e centros distribuição, que representam quase 80% da capacidade de toda a marca Perdigão. Em alguns mercados, como o de carne in natura, a Perdigão suspenderá a produção pelo período de 5 anos. Já a Batavo deixará de atuar no segmento de produtos processados.Para aprovar a fusão, no entanto, o Cade impôs uma série de restrições. Entre elas, a Brasil Foods deverá suspender por um período de até 5 anos a marca Perdigão e Batavo em alguns segmentos, além da venda das marcas consideradas de combate.
Marcas como Doriana, Light, Texa, Patitas, Resende e Wilson serão colocadas à venda. Alguns mercados, como carne in natura, no qual a Brasil Foods detém 70% de participação de mercado, a empresa terá que vender para uma terceira empresa, que não seja a Marfrig, que detém os outros 30% do mercado. O nome da Marfrig foi explicitamente citado pelos conselheiros na sessão. Tal decisão do órgão antitruste visa evitar a alta concentração em alguns mercados.
Há cerca de um mês, Ricardo Ruiz, conselheiro do Cade, pediu vistas ao processo, após Ragazzo vetar a operação. Segundo ele, a princípio, o órgão havia proposto a venda da marca Perdigão, o que não foi aceito pela companhia. "Seria muito mais fácil resolvermos o processo dessa maneira, mas tivemos que buscar alternativas", disse Ruiz.
Além de Ruiz, os demais conselheiros do Cade que participaram do julgamento votaram a favor da união entre as duas companhias. Ragazzo, no entanto, manteve seu voto.