quarta-feira, 13 de julho de 2011

Cade retoma julgamento da fusão Sadia e Perdigão nesta quarta

Relator do processo recomendou venda da Sadia ou veto ao negócio; empresa está negociando acordo e pode suspender a marca Perdigão





IG
A fusão entre Sadia e Perdigão volta à pauta do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) na manhã desta quarta-feira. A votação foi iniciada na sessão do dia 8 de junho, mas foi interrompida após um pedido de vista do processo. A união das duas empresas foi anunciada em 2009 e deu origem à Brasil Foods. As ações da Brasil Foods caíram 7,6% desde a última reunião até o fechamento desta segunda-feira.
O relator do processo, Carlos Ragazzo, se posicionou contrário à fusão. Ele recomendou a venda da marca Sadia ou que o negócio seja desfeito. Outros quatro conselheiros precisam votar o tema. Cada um deles pode solicitar vista do processo e, assim, adiar a decisão para a reunião seguinte.
Desde a última reunião do Cade, a Brasil Foods tenta negociar um acordo com o órgão para minimizar as restrições à fusão. Há rumores de que ela concorde em se desfazer de ativos e suspender as vendas da marca Perdigão por um período de até três anos. A empresa quer evitar vender a marca Sadia, considerada mais valiosa.
A Brasil Foods confirmou nesta terça-feira, em comunicado, que está em tratativas com o Cade, mas diz que nenhum documento foi assinado até o momento. A empresa não informou o conteúdo do acordo proposto.
Um acordo com o Cade é uma tentativa de evitar que a questão se arraste na Justiça. A empresa pode recorrer da decisão do órgão no Judiciário, mas isso atrasará a conclusão do processo de fusão. Sem a aprovação do Cade, Sadia e Perdigão devem continuar a operar separadamente.
Veja cronologia do processo de fusão:
25 de setembro de 2008 – A Sadia, a maior processadora e exportadora de carne do país, anuncia perdas de R$ 760 milhões com operações de derivativos cambiais. A empresa encerra o ano com prejuízo de R$ 2,5 bilhões, o maior em seus 64 anos de história
Maio de 2009 - Os presidentes da Sadia, Luiz Fernando Furlan, e da Perdigão, Nildemar Secches, anunciam a fusão entre as duas empresas e a criação da BRF Brasil Foods.
Setembro de 2009 – é concluída a troca de ações entre as empresas. A Sadia transformou-se em uma subsidiária da Perdigão, que passou se chamar BRF Brasil Foods. As empresas ainda se mantêm como entidades separadas, à espera do julgamento do Cade.
30 de junho de 2010 - Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), ligada aos Ministério da Fazenda, emite parecer em que afirma a fusão "resulta em concentrações significativas em diversos mercados relevantes de oferta de carne in natura e produtos industrializados". A secretaria recomenda o licenciamento das marcas Perdigão ou Sadia por, no mínimo, cinco anos, além da venda de um conjunto de fábricas.
Julho de 2010 – A Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, acompanha a avaliação da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae).
Maio de 2011 - Parecer dos procuradores do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomenda fortes restrições ao acordo ou a reprovação do negócio.
08 de junho de 2011 - Com um voto que durou mais de quatro horas, o conselheiro relator do Cade no caso Sadia-Perdigão, Carlos Ragazzo, votou pela reprovação da união das empresas. Um dos conselheiros pede vistas do processo e o julgamento é suspenso.
15 de junho de 2011 - Por recomendação do conselheiro Ricardo Ruiz, o Cade decide adiar o julgamento da fusão Perdigão-Sadia, atendendo a um pedido de BRF e Sadia. A data para a retomada do julgamento será definida pelo conselheiro.
13 de julho de 2011 - O Cade retomará o julgamento da fusão.