terça-feira, 29 de junho de 2010

Frialto se compromete a pagar credores de MS, diz federação

Cuiabá, 28 - O diretor do frigorífico Frialto, Tadeu Paulo Bellincanta, afirmou nesta segunda-feira que os criadores sul-mato-grossenses não devem vender seus créditos com deságio, porque a empresa vai conseguir quitar suas dívidas. Sua afirmação foi feita em reunião com dirigentes da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), a secretária de Estado de Produção e Turismo (Seprotur), Tereza Cristina Costa, e o prefeito de Iguatemi, José Roberto Arcoverde, de acordo com nota divulgada à imprensa pela Famasul.
Na reunião realizada em Campo Grande, da qual também participaram dirigentes de sindicatos rurais de seis municípios da região, Bellincanta garantiu o pagamento a todos os credores, embora admita que não há possibilidade de prever quando isso ocorrerá. O Frialto entrou com pedido de recuperação judicial no final de maio. A empresa, sediada em Sinop (MT), tem seis frigoríficos com capacidade para abate diário de 4 mil cabeças. Em Mato Grosso, estão localizadas quatro unidades: Matupá, Nova Canaã, Tabaporã e Sinop. Os outros frigoríficos ficam em Iguatemi (MS), Ji-Paraná (RO) e Itaberaí (GO).
Segundo a nota, Belincanta disse na reunião que o Frialto irá cumprir todos os compromissos assumidos. "Não terei um hectare de terra se tiver dívida para pagar. Este é um compromisso que assumo publicamente", afirmou o diretor durante o encontro. Ele apelou aos credores para não cederem a propostas de compras de crédito que têm sido oferecidas, as quais qualificou como "imorais".
Durante a reunião, Bellincanta relatou as tentativas da direção da empresa para não cair na necessidade de pedir plano de recuperação judicial e disse que acompanha o drama dos credores que precisam receber, embora não tenha mais gerência sobre o financeiro da empresa.
O Frialto contratou a empresa Galeazzi & Associados para assessorar na elaboração do Plano de Recuperação Judicial, o qual será concluído no próximo dia 18 e, posteriormente, apresentado para aprovação dos credores em assembleia ainda sem data marcada.
Diálogo
Na nota da entidade, o presidente da Famasul, Eduardo Riedel, ressaltou a transparência do Frialto, "que atendeu ao chamado de conversar com os representantes dos credores e lembrou que a entidade acompanhou recentemente duas situações semelhantes, com os frigoríficos Estrela e Independência".
Riedel disse que a Famasul acompanha e assessora os criadores, mas o que tem feito diferença na negociação com os frigoríficos é a organização dos produtores do Estado. "Vamos acompanhar até que todos os credores tenham recebido os valores devidos", disse.
O presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Famasul, José Lemos Monteiro, afirmou que o Frialto não pode ceder à pressão de compra ou arrendamento da planta por parte de outros grupos frigoríficos, uma preocupação não só dos pecuaristas como do mercado externo. "A postura da diretoria do Frialto inspira confiança. A negociação dever ser mantida tendo o sistema sindical como interlocutor, o que faz com que todos ganhem", disse.
O prefeito de Iguatemi manifestou preocupação com os 750 funcionários do frigorífico que ficaram desempregados no município, situado em uma região de fronteira, com cerca de 15 mil habitantes. Margatto disse que o Frialto "é uma empresa séria, familiar, que agregou muito para a cidade. Estamos um pouco mais tranquilos, mas preocupados com o impacto social da suspensão das atividades da indústria", disse.
Na reunião, o diretor da Frialto informou que a planta de Sinop (MT) deve voltar a operar no próximo dia 6 e que a indústria de Iguatemi será a terceira a retomar os abates, mas adiantou que não há como precisar quando isso poderá ocorrer. O Frialto já voltou a abater em Matupá (704 km ao norte de Cuiabá).