quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Búfalos preservados no Pará



Ilha do Marajó conserva variação genética só existente nesta região do País

Os búfalos são animais exóticos. Em outras palavras, não são endêmicos do Brasil. Os primeiros animais chegaram por aqui no final do século 19, quando um navio que saiu da Guiana, vindo da Ásia, naufragou perto da foz do Rio Amazonas. Resultado: os búfalos que saíram ilesos do acidente conseguiram nadar até a Ilha do Marajó (PA) e começaram a se reproduzir de maneira aleatória. Pouco tempo depois novos rebanhos foram trazidos à região, desta vez importados.


Hoje, na Ilha do Marajó, o búfalo é usado na produção de carne, leite e como transporte. Em algumas cidades, inclusive, serve para ajudar na coleta do lixo. Três raças formam o rebanho “principal”: mediterrâneo, jafarabadi e murrah. Há ainda as espécies carabao, com chifres maiores, e o búfalo baio, ambos em pequenas quantidades. É justamente neste braço que a Embrapa, através do Programa de Conservação de Recursos Genéticos Animais, atua: na preservação desses exemplares.


“Ambas constituem pequenas populações, têm menos de quinhentos espécimes de cada uma delas”, explica o zootecnista Ribamar Marques, pesquisador da Embrapa que coordena o trabalho. A maior parte dos animais vivos dessas duas raças é mantida no Núcleo de Conservação, que funciona na Ilha do Marajó.


Segundo o pesquisador, elas só estão nesta situação porque seus rebanhos de origem eram muito pequenos. O único rebanho conhecido de búfalos baios fica no Núcleo de Conservação da Embrapa. Apesar da semelhança com antepassados asiáticos, Ribamar Marques acredita que o carabao do Brasil já tenha desenvolvido características próprias. “Ele está distante de suas origens do Sudeste asiático. É possível que ele já tenha adquirido algumas características genéticas diferenciadas das raças originais", explica.


Por isso, diz, a importância do programa de conservação. Geneticamente falando, assim como o búfalo baio, este carabao só existe na Ilha do Marajó e está seriamente ameaçado. “O grande objetivo é agora repassar animais para criadores parceiros, até que ela saia desse risco de extinção”.

Globo Amazônia/ Globo Rural

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