terça-feira, 30 de novembro de 2010

Fast-food rivais podem dividir hambúrguer brasileiro


 Marcos Molina, diz que quer tornar multinacional brasileira mais global


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 Multinacional Marfrig vende carnes para o McDonald’s e já negocia com o Burger King

Do R7.

As redes de fast-food McDonald’s e Burger King são os maiores rivais mundiais no mercado de lanchonetes, mas elas podem passar a ter mais em comum do que se imagina além de venderem hambúrgueres. A Marfrig, segundo maior frigorífico brasileiro e que já fornece carnes à cadeia do Ronald, poderá fechar contrato para fazer as carnes que recheiam os lanches da concorrente.



O presidente da Marfrig, Marcos Molina, afirmou, nesta terça-feira (30), que está buscando uma parceria com o Burger King para fornecer carnes bovinas processadas à rede.

A medida faz parte da estratégia de expandir ainda mais os negócios do frigorífico – que já tem 151 fábricas em 22 países e vende cortes de aves, bovinos, suínos e peixes, além de congelados e outros alimentos, para mais de 200.

- O McDonald’s, hoje, é um dos nossos maiores clientes. Um mês atrás já começamos a vender filé de peixe para eles. Agora que o Burger King tem dedo brasileiro, vamos ver se eles nos darão a preferência na hora de escolher a carne.

Uma das marcas americanas mais conhecidas em todo o mundo no ramo de alimentos (tanto quanto a Coca-Cola ou o próprio McDonald’s), o BK foi comprado por um grupo que tem entre seus controladores três brasileiros.

O grupo 3G Capital, que ofereceu R$ 5,63 bilhões (US$ 3,26 bilhões, pelos valores do dólar desta terça-feira) pela empresa, é formado pelos brasileiros Marcel Telles, Jorge Paulo Lemann e Carlos Alberto Sicupira. Eles são fundadores da AmBev, que faz parte do grupo internacional AB-InBev, a maior cervejaria do mundo, entre cujas marcas está outro ícone americano – a cerveja Budweiser.

O McDonald’s, por sua vez, passou a usar carnes brasileiras depois que a Marfrig comprou o frigorífico americano Keystone Foods, em junho, por R$ 2,17 bilhões (US$ 1,26 bilhão). A aquisição fez com que a multinacional brasileira assumisse o fornecimento de carnes para redes como Campbell's, Subway e Outback, como explica Carlos Langoni, ex-presidente do BC e conselheiro do Grupo Marfrig.

- A compra da Keystone foi emblemática. Antes já tínhamos um relacionamento muito forte com o McDonald’s aqui na América Latina. Nosso objetivo foi aproveitar a plataforma [da Keystone para ampliar os negócios aos EUA]. Clientes desse porte impõem níveis de qualidade muito grandes. E isso ajuda a reforçar a importância da Marfrig como fornecedor global.

Entre os principais mercados da empresa estão países asiáticos e europeus, grandes consumidores de carnes bovinas daqui. No Oriente Médio, as aves são os mais vendidos.

- A ideia toda é acompanhar a expansão dessas redes na Ásia, principalmente a China, que tem grande potencial.

A expansão para o exterior é o grande foco. Langoni diz que, nos últimos três anos, foram mais de 40 aquisições e fusões, a maior parte fora do Brasil. A Seara foi comprada do grupo Cargill no fim do ano passado, por R$ 1,5 bilhão (US$ 900 milhões), e deve virar a marca global da Marfrig no mercado externo.

Ricardo Florence, diretor de planejamento e relações com investidores da Marfrig, resume a estratégia da companhia.

- Queremos combinar nossa cultura com a dos mercados que procuramos baseados no respeito. Temos instalações em 22 países e focamos sempre nos processos e produtos com operações locais. Ao mesmo tempo, planejamos vender carnes para o mundo todo com a compra da Seara, que a Marfrirg quer transformar em global.

Os executivos participaram hoje do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), presidido pelo empresário João Doria Jr.

Foto Daia Oliver /R7